Fundos de Pensão: Incertezas na economia exigem diversificação em investimentos dos fundos de pensão

Para a diretora de Saúde e Previdência da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal ), Fabiana Matheus, a conjuntura econômica atual, com queda da inflação e da taxa de juros, permite que os fundos consigam maior rentabilidade diversificando investimentos, deixando de se concentrar na renda fixa.

A crise econômica que atingiu o Brasil e afetou os principais investimentos dos fundos de pensão trouxe à tona um debate importante, esquecido quando a economia brasileira apresentava forte crescimento e os planos de benefícios obtinham excelentes resultados: a diversificação dos investimentos.

Para a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus, a conjuntura econômica atual, com queda da inflação e da taxa de juros, permite que os fundos consigam maior rentabilidade diversificando investimentos, deixando de se concentrar na renda fixa. “Os fundos estão buscando renda variável, pois sabem que será difícil bater metas com títulos públicos”, afirma. Além dessa modalidade, a alocação de recursos nos chamados fundos de investimento em participações (FIP) e em imóveis também são alternativas interessantes no momento.

Em palestra realizada durante o XII Encontro de Dirigentes da Anapar, no mês passado em Brasília, o consultor financeiro Guilherme Benites explicou que após os últimos anos de inflação alta e incertezas no mercado financeiro, a tendência é que a retomada da economia traga oportunidades de negócios, com a possibilidade de bons resultados para os ativos com maior risco.

“Vivendo num mundo de juros muito mais baixos do que há algum tempo, a partir de agora, as fundações devem diversificar seus investimentos e devem buscar algum instrumento com um pouco mais de risco, mas ainda seguro, que seja suficiente para cumprir as metas atuariais", afirmou Benites.  

Benites também mostrou como o cenário econômico mudou, levando os fundos a reverem políticas de investimento para os próximos anos. Benites acredita que parte dos recursos administrados pelos fundos deve ser direcionada à bolsa de valores e outros tipos de investimentos, como o mercado de dívida de empresas privadas. “Renda fixa deixou de ser a única referência que se tinha para compor as carteiras dos fundos de pensão”, defendeu.

Funcef diz que precisará investir mais em renda variável
No Relatório Anual de Informações 2016, a Funcef afirma ter promovido profunda revisão da sua política de investimentos no último quadrimestre de 2016. Segundo a Fundação, “um dos objetivos foi corrigir distorções nas carteiras de planos maduros, de modo a trazer os riscos a níveis coerentes com seu perfil – fluxo de pagamentos de benefícios muito superior ao de contribuições”. Segundo o relatório, em 2017, a tendência é de redução da posição em renda fixa diante da expectativa do mercado de que o atual ciclo de cortes da Selic, iniciado pelo Banco Central em outubro de 2016, culmine com taxas de juros reais mais próximas das praticadas no mercado internacional. “Isso obrigará investidores institucionais, como a Funcef, a buscar alternativas de renda variável com retornos maiores”, diz o relatório.

Previc reconhece que fundos precisarão buscar mais risco
A própria Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) reconhece a necessidade de os fundos de pensão tomarem mais risco de forma estruturada. No Relatório de Estabilidade da Previdência Complementar, o órgão regulador afirma que os fundos de pensão correm o risco de ver um aumento dos deficits atuariais caso não revejam a composição de suas carteiras e aumentem a exposição a ativos de maior risco diante do cenário de queda de juros. O entendimento é que muitas fundações ainda não têm as carteiras adaptadas para o cenário com juros tão baixos.

Fonte: Fenae (28/11/2017)