domingo, 8 de outubro de 2017

Fundos de pensão planejam produtos para novas gerações de participantes


Os 145 planos que registraram superávit no balanço consolidado da Abrapp tiveram crescimento de 8,24% no primeiro semestre de 2017, performance superior à média das carteiras de renda fixa

Diante da competição indireta da previdência aberta, as entidades fechadas (fundos de pensão) planejam novos produtos - flexíveis e simplificados - para conquistar adeptos entre as novas gerações.

Entre os estudos em andamento, divulgados ontem no 38° Congresso Brasileiro de Previdência Complementar Fechada estão a proposta de criação de um VGBL [Vida Gerador de Benefícios Livres] para potenciais participantes que declaram o imposto de renda pelo modelo simplificado; e do produto Prev Sonho voltado para projetos de vida dos associados.

Além disso, a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) busca junto aos reguladores, a possibilidade de adesão de familiares até o terceiro grau nos chamados fundos de pensão instituídos (associativos).

"Se o participante desejar agregar um neto ou sobrinho em seu plano será possível. Temos 2,56 milhões de participantes ativos e 753 mil assistidos. Numa relação [familiar] mais ampla, o potencial é de duplicar ou triplicar a proteção social para cerca de 8 milhões de pessoas", diz o presidente da Abrapp, Luís Ricardo Marcondes Martins.

Ele comentou que desde 2005, com a entrada da Toyota Previ no sistema , não foi instalado nenhum fundo de pensão patrocinado. "Há 40 anos - quando foi estabelecido o sistema fechado no Brasil em 1977 - o trabalhador entrava numa empresa para trabalhar 30 anos. A geração Y pensa de outra forma", comparou Martins sobre o desafio para o crescimento do setor.

Segundo o presidente da Abrapp há sete propostas em tramitação no Congresso que exigem mudanças legislativas e tributárias, e a devida regulamentação pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).

"Uma delas propõe alíquota zero do imposto de renda para quem poupar por mais de 25 anos como forma de estimular projetos de longo prazo. Queremos fazer parte da solução para o País [do crédito de longo prazo para projetos de infraestrutura] e trabalhamos por uma aprovação rápida", disse Martins à imprensa.

Déficit x superávit
Os dados divulgados ontem pela Abrapp mostraram que os fundos de pensão alcançaram patrimônio de R$ 808 bilhões ou 12,7% do produto interno bruto (PIB) em junho de 2017, ante R$ 790 bilhões ou 12,6% do PIB em dezembro de 2016.

No final de junho, 145 planos estavam no azul com suas metas e registravam superávit equivalente a R$ 19,7 bilhões ante R$ 18,2 bilhões em dezembro (+8,24%), uma performance positiva quando comparada com fundos de renda fixa ativos que renderam entre 5,8% e 6,42% no período.

Do lado negativo, 84 planos fecharam o primeiro semestre no vermelho com R$ 77,6 bilhões em déficit acumulado, uma perda de R$ 5,9 bilhões em seis meses, na comparação com o déficit de R$ 71,7 bilhões registrado em dezembro de 2016. Deste montante de R$ 77,6 bilhões de déficit, 88% estão concentrados em 10 grandes planos fechados.

Na avaliação do superintendente da Abrapp, Devanir Silva, alguns planos estão com dificuldades, mas a maioria está sólida e com resultados significativos por causa de ganhos com renda fixa e o bom momento da bolsa de valores.

Devanir Silva afirmou ao DCI que, mesmo com o cenário de juros mais baixos à frente (2018), nenhuma fundação pensa em revisar suas metas atuariais para baixo. "O estoque em carteira ainda carrega uma boa rentabilidade", diz.

Em outras palavras, as fundações ainda reúnem papéis de longo prazo com taxas reais elevadas, bem acima da inflação. Manter esses títulos na carteira representará retorno bem superior as metas.

O representante da Volkswagen Previdência Privada e diretor da UniAbrapp, Luiz Paulo Brasizza, diz as entidades já estão se preparando para um período de inflação mais controlada e juros menores em títulos públicos. "O dinheiro novo pode ser aplicado em papéis de infraestrutura (debêntures) que pagam prêmios acima das NTN-Bs", comentou.

Intervenção no Postalis
Em mais um capítulo dos escândalos financeiros do País, ontem a Previc decretou a intervenção por 180 dias do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios. O regulador afastou diretores e conselheiros para investigar eventuais irregularidades.

O Postalis registra patrimônio de R$ 10,2 bilhões pertencentes a 117 mil participantes ativos (contribuintes) e 26 mil assistidos (aposentados e pensionistas). Em nota, a Previc informou a intervenção ocorreu "por descumprimento de normas relacionadas à contabilização de reservas técnicas e aplicação de recursos."

"Não sei dos detalhes. Mas nossa grande preocupação [da Abrapp] são os carteiros e seus familiares", solidarizou-se Luís Ricardo Marcondes Martins.

Fonte: GS Notícias (05/10/2017)

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