segunda-feira, 14 de novembro de 2016

TIC: Fundos ‘abutres’ abrem corrida na disputa pela Oi, seja para investir ou para pedir falência da tele


Elliot se une a francês Lazard para ter 60% da concessionária, e Aurelius atrai credores para pedir falência
   
Com dívidas de R$ 65 bilhões e em processo de recuperação judicial, a Oi está no meio da disputa de dois fundos “abutres”: o Elliott Management e o Aurelius Capital Management. Recentemente, as duas instituições financeiras venceram uma briga com a Argentina, que se arrastou por mais de uma década, relativa a títulos da dívida do país.

O GLOBO teve acesso aos detalhes da proposta do Elliott, que deve ser formalizada ao mercado nas próximas semanas.
O fundo, que pretende fazer um aporte de R$ 10 bilhões, conforme antecipou O GLOBO, quer ter 60% das ações da concessionária, em uma oferta que foi desenhada com a ajuda do Boston Consulting Group e da gestora francesa Lazard, que atua como consultor financeiro. A oferta foi bem recebida, destacou uma fonte a par do projeto.

Pela proposta do Elliott, os atuais acionistas ficariam com 20% da Oi, e os credores internacionais (bondholders), com os 20% restantes:

— Os credores podem receber ações. Quem não quiser, receberá em dinheiro, mas com desconto de 70%. Os R$ 10 bilhões serão usados para isso — afirmou a fonte.

Nos bastidores, comenta-se que, com a proposta do Elliott prestes a sair, o Aurelius se movimentou e, na semana passada, atraiu novos bondholders para seu plano de vetar qualquer acordo e pedir a falência das empresas do Grupo Oi na Holanda.

Foi por isso que, na última quinta-feira, dois credores que têm cerca de US$ 400 milhões em dívidas da Oi saíram da Moelis — empresa que reúne credores de US$ 4,5 bilhões — e se juntaram ao Aurelius, representado pela empresa americana Dechert e os escritórios Sergio Bermudes, no Rio, e Houthoff Buruma, na Holanda. Com isso, o grupo tem agora US$ 1,5 bilhão em dívidas da tele carioca.

— São credores que veem o litígio como o cenário ideal — disse outra fonte.

Procuradas, as empresas não retornaram o contato.

Egípcio se une a grupo chinês para fazer oferta
Enquanto os fundos “abutres” montam suas estratégias para definir o futuro da Oi, o empresário egípcio Naguib Sawaris também decidiu aumentar seu poder de fogo para formalizar sua oferta pela tele carioca. Por isso, já acertou a participação de um conglomerado chinês e de um fundo de investimento dos Estados Unidos. Pelo seu projeto, será preciso fazer um aporte de até US$ 1,5 bilhão — valor que, segundo cálculos de fontes ligadas à Oi, não é suficiente. Isso porque são necessários pelo menos US$ 3 bilhões para pagar os credores internacionais (bondholders).

Em duas semanas, o empresário egípcio virá ao Brasil, onde pretende se reunir em São Paulo com parte dos credores e ir até Brasília conversar com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e outros representantes do governo. A intenção de aportar até US$ 1,5 bilhão na Oi foi antecipada pelo GLOBO na última quarta-feira. Uma comitiva do empresário egípcio esteve no Brasil na semana passada. A KPMG estaria participando das conversas como assessora, disse uma fonte. Sawaris se uniu à Moelis, empresa que atua como consultora financeira de 70 bondholders, que somam dívidas de US$ 4,5 bilhões. Juntos, querem fazer um plano alternativo de recuperação judicial e elaborar um projeto de negócios para a tele, que pode prever investimentos de até R$ 7,5 bilhões por ano, em um período de quatro a cinco anos.

De acordo com essa fonte, o fato de Sawaris já ter acertado a parceria com um conglomerado chinês mostra que a Oi é alvo de muito interesse:

— Os trabalhos estão muito rápidos. Pelo plano e proposta, serão necessários aportes de até US$ 1,5 bilhão, não mais que isso. O empresário já conversou e negociou isso. Além disso, há conversas com os bancos de fomento dos países dos principais fornecedores, como os da China. A Oi não vai conseguir resolver sua dívida se não tiver o apoio de seus fornecedores — disse a fonte, que pediu para não ser identificada.

Mas há quem tenha resistência ao empresário. Uma fonte cita um episódio, de 2013, envolvendo Sawaris. Na ocasião, o governo do Canadá proibiu que uma das empresas do egípcio, a Accelero Capital Holdings, comprasse a rede de fibra óptica da Allstream, controlada pela Manitoba Telecom Services (MTS). Na ocasião, lembra a fonte, o governo canadense citou questões de segurança nacional. Por isso, essa fonte ressalta que é preciso atenção do governo brasileiro com o processo.

— A Oi tem ativos estratégicos, que envolvem a rede de comunicação da segurança do país, como postos de fronteira, escolas, eleições, saúde e Justiça — alerta.

Fonte: O Globo (14/11/2016)

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