sábado, 5 de novembro de 2016

Mundo: Sex shops, bingos e esgotos. Vc. sabe mesmo onde está investida a pensão dos europeus?


Com os investimentos rendendo tão pouco na Europa, os gestores dos fundos de pensões procuram alternativas no mercado para diversificarem as carteiras. 
Há de tudo: desde sex shops a bingos e até esgotos

Quando há três anos o presidente da Câmara de Amesterdam (NL) perguntou numa sala repleta de gestores de fundos de pensões se eles estariam disponíveis para investir na regeneração da famosa red light district, apenas dois levantaram as mãos. Hoje em dia, a mesma pergunta teria respostas diferentes. Muitos mais gestores teriam erguido os braços.


“Tendo em conta as atuais condições de mercado, todos naquela sala teriam levantado os braços. Mas naquela altura, não havia sequer quem ousasse pensar neste tipo de negócios”, comentava Boris van der Gijp, diretor da consultora de fundo de pensões Syntrus Achmea Real Estate & Finance, à Bloomberg.

Com as taxas de juro em mínimos históricos e o envelhecimento da população, tornou-se imperativo diversificar as carteiras com ativos rentáveis. Vários fundos de pensões estão por isso avançando com investimentos no mínimo alternativos: proprietários de sex shops na Holanda, salas de bingo no Reino Unido ou lotarias em Gibraltar.

Também as poupanças de reforma da British Broadcasting estão a ajudar a financiar a construção do novo túnel de esgoto em Londres, enquanto a Pension Insurance Corporation comprou dívida da Virgin Atlantic que ajudou na construção de pistas de aterragem no aeroporto de Heathrow. E a alemã Versicherungskammer Bayer esteve interessada em investir na construção de abrigos para refugiados no início do ano.

“Os fundos de pensões precisam mesmo de rendimento e, numa altura em que as yields estão baixas, estão a ampliar a sua liquidez no mercado”, referiu John Walbaum, diretor de investimentos da Hyamns Robertson. “Os dias de aquisição de ações e obrigações e nada mais acabaram. Precisam de gerar um padrão de rendimento fixo”, reforçou.

Naquela reunião do prefeito da capital holandesa em 2013 estava em cima da mesa uma participação numa carteira de pequenos edifícios, muitos dos quais tinham sido arrendados a proprietários de bordéis, sex shops e coffee shops onde se vende mais marijuana do que bebidas — embora tudo esteja dentro da lei. Desde 2009 que a cidade procurava investidores para requalificar aquela parte da cidade.

Os dois investidores que mostraram interesse eram fundos de pensões representando agricultores holandeses e funcionários do Rabobank, segundo van der Gijp, responsável que está a aconselhar os dois fundos.

Naquela altura, apostar no mercado imobiliário em Amesterdam — após o crash de 2008 — teria levantado muitas dúvidas por parte os investidores. Por isso, investir em edifícios usados para prostituição teria sido ainda mais problemático. Ainda assim, começavam a surgir os primeiros sinais de pressão sobre a rentabilidade dos ativos detidos pelos fundos, numa altura em que as obrigações holandesas apresentavam um taxa de juro de 2%. Hoje a taxa está perto de 0%.

Em julho deste ano, os dois fundos concluíram a compra de 35% numa carteira de 100 edifícios por 60 milhões de euros. Os termos do acordo determinam que não podem ser usados para prostituição, mas podem albergar lojas que vendam brinquedos sexuais.

“Um fundo de pensões deter uma sex shop não é muito habitual, mas em termos financeiros estamos perante um caso de negócio sólido”, explicou van der Gipj. “Hoje em dia, a competição por ativos imobiliários é feroz”, disse.

Outro dos novos alvos dos fundos de pensões tem sido a Lottoland, de Gibraltar, que permite apostar nos maiores concursos de sorte e azar do mundo, incluindo o Euromilhões e o Megamilhões.

Ainda na indústria do jogo, a M&G Investments, em nome de clientes que incluem o fundo de pensão que representa a Associação Médica Britânica, comprou 52 clubes da Gala Leisure, uma operadora do setor do bingo, por 173,5 milhões de libras, oferecendo uma taxa de juro líquida de 8,4%.

Para Ben Jones, dono da M&G Investments, há uma oportunidade de negócio. “Contrariamente à perceção da população, o bingo não é uma indústria em declínio. Em primeiro lugar e acima de tudo, os investidores estão à procura de rendimentos a longo prazo”, disse.

Fonte: ECO Economia Online (06/11/2016)

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