terça-feira, 1 de novembro de 2016

Fundos de Pensão: RH de empresas apostam em fundos de pensão coletivos e setoriais


Os fundos de previdência fechados são as grandes estratégias do mercado corporativo, atualmente, para valorizar e reter funcionários. Criada normalmente por empresas dispostas a colocarem, junto com o dinheiro dos empregados, uma parcela extra de depósito, a previdência fechada vem ganhando massa como ação de Recursos Humanos (RH). Para o setor de seguro e previdência, se revela um mercado em expansão. Hoje, existem mais de 300 fundos de previdência fechados no Brasil, com 2,7 mil empresas patrocinadoras - além de 504 entidades que também se organizaram para fazer previdência coletiva, com sindicatos e associações. 



Para os funcionários, o modelo é cheio de atrativos: na fase de acumulação de recursos, as empresas também contribuem para o fundo de previdência de seus empregados, e o saldo acumulado poderá ser resgatado integralmente ou recebido mensalmente, como uma pensão ou aposentadoria tradicional. Em boa parte dos casos, para cada R$ 1,00 que o colaborador coloca lá, a empregadora engorda o saldo com mais R$ 1,00. E, além da aposentadoria, o participante de um fundo de pensão tem, à sua disposição, proteção contra riscos de morte, acidentes, doenças, invalidez. 
Em geral, explica a presidente da Fundação CEEE-Previdência Privada, Janice Antonia Fortes, para usufruir do recurso total dos depósitos da empresa e do funcionário se exige um determinado tempo de permanência na empresa. O prazo para resgate costuma ser a partir de 10 anos. As vantagens são menos custos de manutenção e taxas (por não ter fins lucrativos) e juros melhores nos investimentos feitos (no comparativo com aplicações individuais). Além de atuar com a gestão do fundo de pensão da CEEE, a fundação também opera na administração, elaboração e coordenação de fundos empresarias de outras entidades.


"Entre 2001 e 2015, para pegarmos um prazo longo e adequado a um fundo de previdência, a rentabilidade acumulada obtida desses investimentos foi de 629% ante 205% da poupança. Pelo volume de recursos que os fundos gerenciam, se consegue melhores taxas de juro", exemplifica Janice, que atua diretamente na gestão de um patrimônio superior a R$ 5 bilhões, hoje sob o guarda-chuva da Fundação CEEE, em mais de 35 anos de atuação.
No caso da fundação, o próximo passo e a nova meta é o lançamento de um fundo de previdência que seja viável também para pequenas empresas, criando um fundo padrão de previdência fechada. A ideia, diz Daniele Mascherin Pastore, da gerência de expansão da entidade, é lançar o produto ainda no primeiro semestre de 2017.
E grandes números de estímulo ao setor não faltam: já são 2,5 milhões de participantes ativos no sistema e 740 mil aposentados e pensionistas aproveitando o descanso do trabalho com o bolso um pouco melhor recheado, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
O patrimônio total do segmento já alcança, segundo a entidade, R$ 763 bilhões, de quase 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. 


Apoio a empregados endividados e com baixa produtividade 
Ao perceber que boa parte de seu grupo de funcionários vinha enfrentando problemas financeiros, solicitando adiantamentos e empréstimos consignados, o diretor comercial da Inpel Armando Marcon Júnior decidiu ajudar os colaboradores a reorganizarem suas finanças. E, mais do que isso, passou a idealizar um projeto de previdência privada interna para estimular a economia.
Pior do que o baixo rendimento de bons funcionários envoltos em contas e atrasos foi perceber que havia até profissionais pedindo para serem demitidos. "Eles faziam isso para receber algum dinheiro e quitar dívidas. Só que isso não era uma solução, pelo contrário. Havia um descontrole financeiro muito grande entre alguns colaboradores. Chegamos a perder bons profissionais por causa disso", lamenta Marcon.
Para estimular o grupo a rever as contas a Inpel, de Sapucaia do Sul, com cerca de 160 funcionários, se aliou ao Fundo de Previdência Privada da CEEE, que entrou na indústria com apoio individual a alguns funcionários e também com palestras e ações de conscientização financeira.


Estimulados pela ação, e também pelos depósitos que a empresa faria para cada R$ 1,00 que cada empregado colocasse no fundo de previdência, o grupo vem crescendo. Hoje, cerca de 40% dos colaboradores aderiram ao sistema e, ao invés de gastar mais do que tem, passaram a poupar.
"No início, o processo foi mais lento, fomos pegos no meio de uma crise bem quando implantávamos o produto. Parte dos colaboradores também demorou a aderir porque havia o risco de demissões. Infelizmente, chegamos mesmo a demitir. Agora, com as coisas mais calmas na economia, até voltamos a contratar funcionários. Mais estáveis, eles começaram a entrar no plano", conta o empresário.
Para o educador financeiro e professor de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) Leandro Rassier, observadas as regras para os casos de saída do emprego, dificilmente o empregado encontrará opção melhor se houver aporte de recursos da empresa. "Neste caso, mesmo onde a empresa coloca somente 50% do valor depositado pelo funcionário, como um estimulo, esse dinheiro extra é ganho puro", ressalta. 


Fonte: Jornal do Comércio (01/11/2016)

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