segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Fundos de Pensão: Fundos, inclusive Sistel, vão decidir pela venda de suas ações na CPFL


Considerando oportuna, e bastante atrativa, a oferta do grupo chinês State Grid pela aquisição das ações da companhia elétrica CPFL Energia, o fundo de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) deverá acompanhar a sócia Camargo Corrêa e também vender sua participação de 29,4% no capital da principal distribuidora de energia do país. A CPFL é também a terceira maior geradora privada de energia do país. 

Segundo disseram fontes próximas das negociações Valor , a fundação, sediada no Rio de Janeiro, já recebeu a visita de representantes da State Grid. Nas conversas, os chineses manifestaram seu interesse pela fatia da Previ, embora estejam cientes que o fundo tem o direito de preferência na compra da participação do grupo Camargo Corrêa. 

Em 1º de julho, o grupo chinês fez uma proposta de aquisição de R$ 25 por ação pela participação de 23% da Camargo Corrêa atrelada ao acordo de acionistas, numa transação de R$ 5,85 bilhões. O prêmio oferecido em relação ao valor da ação da CPFL na bolsa foi de 25%. A State Grid tem intenção de assumir 100% da companhia, adquirindo as parcelas dos outros dois acionistas do bloco de controle e realizando uma oferta pública de ações (OPA) pelos papéis de investidores no mercado - 31,9%.

Negócio poderá superar a cifra de R$ 40 bilhões, incluindo dívida e uma OPA aos minoritários da CPFL Renováveis 
Além da Camargo e da Previ, também está no bloco de controle acionário da CPFL um grupo de fundos reunidos na holding Bonaire Participações - Sistel, Petros, Sabesprev e Fundação Cesp. Sua parcela soma 15,1% das ações da empresa. O Valor apurou que esse grupo também foi abordado pelos chineses e querem seguir os passos dos seus dois sócios. 
Há dois anos, a Bonaire já havia anunciado a intenção de vender sua participação na CPFL. Divulgou na época que tinha contratado o banco JP Morgan como assessor financeiro buscar um comprador para suas ações. Esta presente no ativo fundo de investimentos Energia São Paulo FIA, formado pelas quatro fundações. 
Os três sócios têm juntos 68,1% do capital da CPFL. Desse percentual, 53,3% são ações vinculadas ao acordo de acionistas. 

A State Grid está finalizando a auditoria técnica e contábil (due dilligence) dos ativos e números da CPFL para oficializar a aquisição junto à Camargo Corrêa. Isso deve ser concluído nos próximos dias. Daí, os chineses vão comunicar à Previ e aos outros fundos sobre a aquisição. Terão 30 dias para decidir se exercem seu direito de preferência pelo negócio. 
É praticamente certo que não vão exercer. Pelo contrário. Já com todas as análises bastante avançadas e consultas prévias já feitas aos seus comitês técnicos e áreas de governança, deverão bem antes do fim desse prazo aceitar a proposta dos chineses por suas ações. Recebida a informação do grupo chinês, vão encaminhar para a aprovação final dos conselheiros das fundações. 

Para a Previ, que também é acionista de outra empresa do setor, a Neoenergia, o negócio vem em boa hora. A princípio, o valor ofertado é considerado excelente e não há nenhuma restrição à vista da área de governo para a venda do controle da empresa paulista, que no ano passado teve receita líquida de R$ 18,7 bilhões, ao grupo chinês, já presente no Brasil na área de transmissão. 
Outro ponto importante para a Previ é que o negócio, que renderia mais de R$ 7 bilhões ao seu caixa, permite à fundação fazer a adequação dos investimentos do plano onde está alocado esse ativo. 
Criado em 1998, já é um plano bem maduro, o qual precisa de recursos para pagamentos a pensionistas. O montante já beira R$ 10 bilhões ao ano, com indicação de crescimento ao longo dos próximos anos. Assim, explicou uma fonte, a Previ não precisará sair correndo para se desfazer de ativos e ajustar a sua carteira de renda variável (principalmente de ações). Vai ganhar mais tempo. 

Negociada no Novo Mercado desde 2004, quando abriu o capital na Bovespa e em Nova York, a CPFL teve lucro de R$ 1,1 bilhão e resultado operacional (Ebitda) de R$ 3,3 bilhões no ano passado. A elétrica é considerada a "queridinha do mercado" pela sua performance e gestão. Por isso, o interesse da gigante State Grid. 
O negócio, incluindo a dívida da companhia - dívida líquida de R$ 11,7 bilhões, com alavancagem de 3,10 vezes o Ebitda no fim de junho - poderá superar a cifra de R$ 40 bilhões, incluindo uma OPA também pelos 48,4% das ações no mercado da controlada CPFL Renováveis. A operação é considerada a maior transação do setor elétrico brasileiro. 

A expectativa é que toda a operação só será concluída no primeiro trimestre de 2017, após passar pelas análises da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 
Criada em 1912 com a fusão de quatro pequenas empresas de energia do interior paulista, a Companhia Paulista de Força e Luz foi privatizada em novembro de 1997, quando já era controlada pela estatal paulista Cesp. Foi arrematada pela holding VBC Energia - das iniciais de Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa - mais Previ e Bonaire. Votorantim e Bradesco se retiraram há vários anos. 
Procurada, a assessoria de imprensa da Previ informou que a fundação vem fazendo a avaliação técnica da operação desde o anúncio do negócio com Camargo.

Fonte: Valor (15/08/2016)

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