segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Sistel: Uma estória do Pedro sobre sua utilização do PAMA em uma única e última vez


O DRAMA DO PAMA

Coitado do aposentado! Por anos trabalhara em uma Empresa onde se sentia tranquilo; tinha plano de saúde e pagava para ter uma aposentadoria complementar. Quando se aposentou, reduziram seu benefício em 10% para que ele mantivesse o plano de saúde.

Agora, idoso e doente, tinha um plano de saúde com uma alta coparticipação.

Ouvira dizer que o superávit do plano previdenciário havia sido transferido para o plano de saúde. Bem, agora terei um plano de saúde de verdade, pensou. Devem acabar com esta absurda situação de ter que pagar altos valores nos internamentos hospitalares. Afinal, o superávit transferido era de bilhões de reais.

Seu nome não interessa; podia chamar-se João ou José, mas para facilitar vamos chamá-lo de Pedro. Pedro Antônio Maranhão de Albuquerque, vulgo PAMA.

O Pedro gostava de uma picanha mal passada acompanhada de uma cervejinha gelada, na companhia dos filhos, noras e netos. E num sábado modorrento na companhia da família e, no exato intervalo entre uma mastigada de picanha e um gole de cerveja, começou a enrolar a língua e falar meio atrapalhado. Putz, bebi demais, pensou. Olhou para a cara de poucos amigos da patroa e viu um ar de desaprovação. Bem, agora a megera vai começar o discurso, pensou novamente.

Apoiou-se na mesa para levantar, colocou a mão no peito, tentou respirar fundo e falou meio enrolado: “Não estou me sentindo bem”.  “Vamos levá-lo ao hospital, gritou alguém”.

Embora achassem que nada de grave estava acontecendo, colocaram o Pedro no carro e o levaram para o Pronto Socorro.

Ficaram aguardando em uma sala enquanto Pedro era examinado. Depois de certo tempo, a esposa de Pedro começou a se preocupar. Por que estava demorando tanto?

A tarde já ia se despedindo e as cores douradas do crepúsculo já se faziam presentes quando uma enfermeira veio conversar com a família. Pedro tinha sofrido um enfarte, mas tudo já estava sob controle. Não precisavam se preocupar, pois no dia seguinte Pedro seria liberado.

Porém, não era tão simples como disseram e Pedro acabou ficando internado por uma semana e teve que fazer uma ponte de safena.

Pedro saiu todo satisfeito do Hospital.  Era um homem novo. Levou um susto, é verdade, mas agora tudo estava resolvido.

Tudo ia muito bem até que... chegou o boleto de cobrança do plano de saúde e Pedro quase caiu de costas. Estavam lhe cobrando os 40% de coparticipação das despesas hospitalares. Quase 50 mil reais. De onde Pedro ia tirar esta fortuna? Somando o benefício do INSS mais o que ele ganhava de previdência complementar mal dava uns 2 mil reais. Tentou parcelar o valor, mas isto não era mais possível; haviam cortado o financiamento.

Dois meses depois, sem nenhuma condição de resolver o problema, Pedro recebeu o comunicado que seu plano de saúde estava cancelado. Agora Pedro, além de velho e doente, não tinha mais plano de saúde e nem superávit.

Meses depois, recebeu uma visita indesejada. Um Oficial de Justiça bateu em sua porta com uma intimação para comparecer em uma Vara Cível. Estavam lhe cobrando judicialmente o valor da coparticipação.

Reuniu a família para trocar ideias e no meio da conversa apoiou-se na mesa para levantar, colocou a mão no peito, tentou respirar fundo e falou meio enrolado: “Não estou me sentindo bem”. 

“Vamos levá-lo ao hospital, gritou alguém”.

“Não, ao hospital não, lembrem-se da coparticipação”.


Coitado do Pedro Antônio Maranhão de Albuquerque, vulgo PAMA. Era tão gente boa.

Fonte: Autor desconhecido (29/02/2016)

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