sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Fundos de Pensão: Funcionários da Caixa recusam contribuir com fundo de pensão

Cerca de 3 mil funcionários da Caixa que recebem acima de R$ 4.663,75 rejeitam a participação no fundo de pensão oferecido pela instituição financeira

 Abrapp aponta que 15% dos servidores não querem participar de planos de aposentadoria de estatais

Cerca de 3 mil funcionários da Caixa Econômica Federal que ganham acima do teto mensal de R$ 4.663,75 do regime de Previdência Social (previdência pública) recusaram-se a contribuir para o plano de previdência complementar fechada da Fundação dos Economiários Federais (Funcef). "Lá na Caixa, 3 mil servidores abriram mão de contribuir", afirmou o presidente da Funcef, Carlos Alberto Caser, ao participar do Congresso Brasileiro de Fundos de Pensão, realizado em Brasília.
 
O banco federal possui mais de 100 mil funcionários, mas nem todos estão cobertos pelo fundo de pensão. Na média aferida pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), os planos de aposentadoria de empresas estatais como a Caixa Econômica Federal têm uma recusa de 15% dos servidores.

No mesmo debate, o diretor superintendente da Fibra, Silvio Renato Rangel Silveira, disse que já ouviu argumentos de "não adesão" de que os fundos são mal geridos. "Essa percepção seria verdade, o que não é, se as perdas fossem maiores que 50%. Falta racionalidade nisso", alertou. Silvio Rangel explicou que num fundo de previdência complementar fechada, em geral, a empresa patrocina R$ 1 (50%) para cada R$ 1 de contribuição do participante.
O diretor da Fibra mostrou que nos últimos dez anos, os fundos de pensão fechados tiveram rentabilidade de 250%, enquanto os planos de previdência complementar aberta (VGBLs e PGBLs) comercializados pelos bancos tiveram rentabilidade de 175% em igual período.

Nos bastidores, uma fonte do mercado de previdência complementar fechada, que preferiu não se identificar, afirmou que os principais fundos de pensão de empresas estatais (Previ, Petros, Funcef e Postalis) estão com a imagem prejudicada por causa de escândalos com a operação Lava Jato, investigada pela Polícia Federal, e da CPI dos Fundos de Pensão. "Essas fundações podem perder dinheiro do participante com a eventual insolvência da Sete Brasil [construtora de sondas contratada pela Petrobras] ou com outros investimentos em infraestrutura liderados pelas empreiteiras investigadas. Eles colocaram dinheiro nesses negócios sem avaliar o risco", afirmou.
Por outro ângulo, a mesma fonte assegurou que os fundos de pensão patrocinados por empresas privadas estão saudáveis. "Mas a realidade atual de retração na economia não incentiva a retenção de talentos com planos de pensão", disse a fonte.

De fato uma pesquisa divulgada pela Abrapp com a TNS Global mostra que planos de saúde, odontológicos e seguros de vida são os mais demandados nas empresas como pacotes de benefícios. "Os mais jovens solicitam benefícios ligados ao plano de carreira, especialmente MBAs e cursos. De 10 benefícios listados, a previdência complementar é buscada de forma embrionária", disse o presidente da Abrapp, José Ribeiro Pena Neto, ao divulgar a pesquisa aos jornalistas.
 
Servidores
Sobre o comportamento dos servidores federais na baixa adesão à Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), Caser afirmou que é uma "tragédia" para o próprio funcionário essa recusa. "Essa medida que abriga a auto adesão se faz necessária. Nós [seres humanos] inventamos a previdência porque somos imprevidentes", disse o presidente da Funcef aos participantes do Congresso de Fundos de Pensão.
Em tom crítico, Caser disse que os servidores não estão poupando. "Estão acostumados com o Estado mãe, que o Tesouro irá cobrir. O Tesouro é a gente [contribuinte] que põe o dinheiro lá. 70% dos novos servidores vão ficar velhos e pobres", alertou Caser, sobre a alta taxa de recusa de contribuição.

Fonte: DCI (08/10/2015)


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