sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Idosos: A quebra de paradigma da longevidade. Modelos atuariais de estimativa de vida devem ser atualizados


Professor da Universidade de Chigago, contesta previsões de expectativa de vida e afirma que a humanidade não vai ultrapassar a barreira dos cem anos 

Desde que a humanidade conseguiu vencer algumas doenças, como as infecções, evitadas por gestos simples, como lavar as mãos com água e sabão, que o ser humano sonha em viver mais e, por que não, com a imortalidade. Nos últimos anos, em razão do aumento da expectativa de vida em todo o mundo, inclusive nos países emergentes, surgiram previsões de todos os lados afirmando que o ser humano viverá 140, 150 ou mais anos. “Tudo bobagem”, disse S. Jay Olshansky, professor na Universidade de Chicago e pesquisador do Centro de Estudos sobre o Envelhecimento. Ele apresentou a palestra “O dividendo da longevidade: alterando o curso da saúde e da longevidade”, durante o 4º Encontro Nacional de Atuários (ENA), evento que acontece simultaneamente à 7ª Conseguro, que está em seu segundo dia, em São Paulo (SP). 
Olshansky tem motivos para não acreditar que os seres humanos viverão mais que cem anos, em média. Ele estudou o assunto sob o âmbito da biologia e descobriu que o corpo humano não foi feito para durar tanto tempo. “O ser humano é uma máquina super eficiente que, com o tempo, acaba como as demais, no ferro-velho”, disse. Ele apresentou alguns números, apenas para efeito de comparação, do tempo de vida estimada para algumas espécies, medidos em dias: os ratos vivem 1 mil dias; os cachorros, 5 mil; o elefante, 26 mil; os humanos, 29 mil dias; a tartaruga, 55 mil; e a baleia, 77 mil. Fora as exceções de pessoas que viveram mais de cem anos – o recorde é 142, segundo o professor – , “o corpo humano não aguenta”, disse. 

De acordo com Olshansky, o envelhecimento é um acidente de percurso, já que a vida é calibrada biologicamente para cumprir a janela reprodutiva da espécie. Tanto que a menopausa nas mulheres marca bem o início dessa fase de envelhecimento, quando começam a surgir as doenças degenerativas. Aliás, as doenças são o preço, ou o dividendo, da longevidade. “Querem viver mais? Mas a que preço?”, questiona. Segundo o professor, viver muito não é uma tarefa fácil, pois, com a velhice, o ser humano perde musculatura e neurônios. “Esses são os nossos pontos fracos e não há muito que possamos fazer contra isso”, disse. Ele ressalva, entretanto, que se descobrirem a cura para doenças, como câncer ou cardiopatias, então será menos penoso viver mais. 
Olshansk também questiona os modelos atuariais que estimam o tempo de vida de segurados de seguro de vida e previdência. Segundo ele, o erro está em usar modelos concebidos no passado, quando a realidade era outra, o modo de vida era outro e as doenças idem. “Não dá para fazer a extrapolação linear de um fenômeno que é biológico”, disse. Respondendo à pergunta do debatedor do painel, Cassio Turra, da Cedepar, ele disse que o modelo linear do passado não serve porque aquela geração em que foi baseado não existe mais. “Se quiserem saber quanto tempo vão viver, olhem para os vivos!”, disse.

Fonte: CNseg (18/09/2015)

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