terça-feira, 11 de agosto de 2015

Fundos de Pensão: Previdência complementar e o desafio de atrair mais participantes. Possível solução existe, basta aplicá-la.


Os administradores de fundos de pensão estão debatendo formas de atrair mais participantes para o sistema que já paga em benefícios quase o que arrecada mensalmente. É uma questão de sobrevivência dessa importante forma de poupança


Os gestores e patrocinadores de fundos de pensão no Brasil têm um dever de casa a fazer: entender por que tantas pessoas que poderiam estar contribuindo para sua aposentadoria complementar – por terem renda suficiente e por trabalharem em empresas que oferecem tal benefício – não o fazem? Segundo a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), que representa essas entidades de previdência, há pelo menos 900 mil funcionários de empresas públicas e privadas que patrocinam fundos de pensão e que, ainda assim, estão fora do sistema.

No mínimo, existe um problema grave de comunicação dos gestores dessas entidades de previdência, já que muitas dessas pessoas ganham salários suficientes para dispor desse tipo de poupança e garantir uma velhice mais tranquila, mas estão desinformados sobre os benefícios que teriam. Muitos, possivelmente, até sabem, mas desconfiam da gestão dos fundos. E não é para menos: previdência é um investimento de longo prazo por definição. E, para colocar seu dinheiro em alguma aplicação por 30 anos, é preciso muita confiança de que ele estará lá disponível quando você precisar.

Há um desafio grande do setor no sentido de vencer a resistência cultural dos brasileiros em poupar. Como já destacamos nesse espaço, fazer poupança é pensar no futuro, e isso não é bem o forte do povo brasileiro. Uma pesquisa realizada pelo HSBC com vários países neste ano mostrou que o Brasil está entre aqueles que têm o maior percentual de trabalhadores que já estão próximos de se aposentar e que não poupam. Na média mundial, o percentual é de 38% dos pesquisados nessa condição. No Brasil, são 53%, o mesmo percentual da Austrália. Só perde para a Turquia (59%).

E os motivos apontados pelos entrevistados para que isso ocorra vão desde o desemprego (35% das respostas), despesas com financiamento de imóvel (28%) e crise econômica (27%) até preparação para casamento (10%) e constituição de família (18%).

Embora haja esse aspecto cultural a ser driblado, entidades de previdência estão se debruçando em formas de estímulo e de uma melhor comunicação para atrair mais pessoas para o sistema. Uma ideia que tem ganhado espaço nos debates internos é a criação da adesão automática a fundos de pensão

Ou seja, um trabalhador contratado por uma empresa que oferece esse benefício seria automaticamente inscrito para contribuição e, caso não quisesse mesmo, teria que pedir ao Departamento de Recursos Humanos de sua empresa a sua retirada. Atualmente, acontece o contrário. Um funcionário só adere ao fundo de pensão se procurar os responsáveis e solicitar sua inscrição.

Na avaliação dos gestores, isso seria mais eficiente, já que muita gente acabaria, por completa inércia, mantendo sua adesão, a contribuição seria automática e descontada nos rendimentos e, sem querer, no futuro, haveria uma poupança formada. É realmente uma alternativa interessante a se considerar que seja legalizada.

O entendimento sobre o que desmotiva as pessoas a fazerem poupança, especialmente para sua aposentadoria, é algo necessário à sobrevivência dos próprios fundos. O sistema, cujo patrimônio supera os R$ 700 bilhões, atualmente já paga em benefícios quase o mesmo que arrecada, por isso as entidades precisam encontrar formas de aumentar o número de participantes e, consequentemente, o volume de contribuições. Para o país, isso também é importante. As projeções são de que em 2050, ou seja, daqui a 35 anos, o número de pessoas com idade de aposentadoria (mais de 60 anos) vai dobrar. Proporcionar condições para que essa população tenha algum tipo de renda que garanta dignidade é uma questão de política pública. 

Fonte: FatoOnline (11/08/2015)

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