sexta-feira, 29 de maio de 2015

TIC: Presidente do CPqD, Helio Graciosa, pediu demissão ontem devido a falta de repasses compromissados desde 2013 pelo Funttel, gerido pelo Minicom


Em carta encaminhada aos conselheiros da fundação, Helio Graciosa, presidente do CPqD desde que foi transformado em fundação, em 1998, alega desgaste nas relações com o governo para obtenção dos recursos para manter os projetos de P&D. O repasse dos recursos do Fundo Tecnológico para o Desenvolvimento das Telecomunicações (Funttel) está atrasado – há parcelas de 2013 ainda não pagas.  E a situação, segundo funcionários da fundação, teria chegado a um ponto crítico de falta de dinheiro para pagar os pesquisadores envolvidos nos projetos.

Na carta, Graciosa pede a substituição de seu nome em uma semana e sugere que tomou tal atitude – a carta foi enviada ontem, 28 – para evitar que sua permanência venha a prejudicar a entidade. Embora fontes do Minicom aleguem que o atraso no repasse dos recursos do Funttel se deve às contingências orçamentárias, a percepção de Graciosa, segundo fontes próximas a ele, seria de que o governo gostaria de renovar a direção da fundação de pesquisa, uma entidade de direito privado na qual está representado no Conselho.

Criado pela estatal Telebras para desenvolver projetos de P&D para o setor de telecomunicações, o CPqD cumpriu um importante papel de inovação – de seus laboratórios saíram a fibra óptica, os lasers, sistemas de transmissão e a central telefônica Trópico, entre muitos outros. Na privatização do Sistema Telebras, foi graças ao empenho de Hélio Graciosa e de um grupo de tenazes pesquisadores e empresários nacionais que o CPqD não foi extinto, junto com o desmantelamento da indústria nacional do setor.

Foi então transformado em fundação de direito privado. Se no início de sua nova fase dependia basicamente do repasse dos recursos do Funttel, hoje, com faturamento de perto de R$ 300 milhões, tem várias outras fontes de receitas, como testes e certificação de equipamentos, prestação de serviços, comercialização de sofisticados sistemas de gerenciamento e controle tanto para o setor de telecomunicações como para a área elétrica. O repasse de recursos do Funttel representa menos de 20% de suas receitas, mas são elas que bancam os projetos de P&D, razão de ser da existência da fundação.

Com a retração econômica já verificada em 2014 e o baixo nível de encomendas para 2015, o CPqD começou um processo de ajuste no início do ano, com corte severo de despesas e demissões. Nesse cenário, as receitas das demais atividades que cobriam os constantes atrasos nos repasses do Funttel – uma realidade na vida da entidade desde que virou fundação em 1998 – ficaram curtas para bancar as despesas de P&D. A falta de sensibilidade do governo para o problema levou ao pedido de demissão de Graciosa do CPqD, onde começou a trabalhar como engenheiro logo que o centro foi criado em 1976.

Comunicado
A respeito do pedido de demissão,o CPqD divulgou o seguinte comunicado:

“O presidente do CPqD Hélio Graciosa apresentou hoje (28/5) sua carta de renúncia ao Conselho Curador da instituição.

No comunicado, Graciosa lembra que, desde que assumiu o cargo, tem “envidado todos os esforços para tornar o CPqD um vetor de desenvolvimento para o país, via geração de tecnologia, colocação de inovação no mercado e criação de empresas”. E, nesse contexto, o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) tem um papel decisivo.

No entanto, há tempos, vêm ocorrendo grandes instabilidades no recebimento desses recursos, que, segundo Graciosa, decorrem de um desconforto com a administração atual do CPqD.

Assim, para preservar o futuro da instituição, tomou a decisão de renunciar ao cargo, com a certeza de que a competência do CPqD hoje é reconhecida não só no Brasil mas no mundo.”

Fonte: TeleSíntese (20/05/2015)

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