sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

TIC: A ruína pós privatização da Portugal Telecom que depois de 20 anos passou a valer quatro vezes menos. Venda da Vivo e associação com Oi são os culpados


Quando em 1995 vendeu 27% da Portugal Telecom, o Estado arrecadou 710 milhões de euros, mais do que o atual valor de toda a companhia (642 milhões). 

Vinte anos depois da primeira fase de privatização, a Portugal Telecom (PT) perdeu 75% do valor com que entrou em Bolsa, sem considerar o efeito da correção monetária.

Em maio de 1995, a venda de 27% rendeu ao Estado 710 milhões de euros. Um encaixe recorde por ser a primeira privatização de um gigante público, com uma avaliação de referência 2800 milhões de euros. Esta quinta-feira, a empresa fechou a valer 640 milhões de euros.

Luís Todo Bom, o gestor que conduziu a privatização, confessa que não imaginaria que 20 anos depois a PT viveria uma situação de tamanha angústia e depressão. Como se chegou aqui? "Destruindo valor", responde Todo Bom.

O "ruinoso negócio" da Oi 
O momento fatal neste trajeto "foi a venda da Vivo e o desastroso investimento na Oi". E os responsáveis? "As duas últimas administrações controladas pelo BES", responde o ex-presidente.

As contas são fáceis. Quando vendeu a Vivo, a PT estava avaliada em 10 mil milhões e distribuiu 3 mil milhões de dividendos aos acionistas. O seu valor teórico seria os 7000 milhões. O investimento na Oi "foi ruinoso". A PT pagou 3800 milhões por uma coisa "que valia zero".

Recomeçar do zero, diz Todo Bom
Luís Todo Bom abandonou a PT há dois meses e é um feroz defensor da reversão da fusão com a Oi. Mas o gestor que o ministro Ferreira do Amaral escolheu para seduzir os investidores para a privatização está otimista. Acredita que a fusão se desfaça e a empresa regresse à estaca zero para recomeçar de novo.

No dia em que rasgar o contrato com a Oi, "a cotação da PT duplica de imediato". Já a Oi, terá de encontrar "uma solução financeira que evite a falência", diz Todo Bom.

A estreia do bookbuilding
A privatização da PT estreou em maio de 1995 o modelo de bookbuilding (o preço é fixado de acordo com as ofertas dos investidores) e a cotação simultânea em Lisboa e Nova Iorque.

O intervalo do bookbuilding ficara definido entre 2500 e 3100 escudos e Luís Todo Bom sempre acreditou que o preço ficaria no ponto médio. Nâo foi em vão que o então presidente encetou uma digressão de cinco semanas e 100 reuniões para seduzir investidores para uma companhia que resultara da fusão de quatro operadoras, com défice de digitalização e um buraco de 400 milhões de euros  no fundo de pensões. Na altura, a PT era uma pequena operadora local, monopolista, sem a dimensão que a exposição  a mercados africanos lhe conferiu.

Fonte: Expresso - Portugal (09/01/2015)

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