sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Fundos de Pensão: Alvo de investigação, Petros tenta mudar diretoria


Uma reunião extraordinária do conselho deliberativo da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, foi chamada para o dia 7 de janeiro passado. O tema a ser discutido era a aprovação de três novos nomes para compor a diretoria do fundo. A tentativa de mudança na diretoria ocorre dias depois de a Petrobras estender para a fundação a investigação feita pelos escritórios Trench, Rossi e Watanabe e o americano Gibson, Dunn & Crutcher para apurar a natureza, extensão e impacto do esquema de corrupção confessada pelo ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa e o ex-gerente executivo de engenharia, Pedro Barusco aos procuradores da operação "Lava-Jato". 
O Valor apurou que a reunião de quarta-feira seria a conclusão de uma negociação política que ocorre na fundação desde a decisão anunciada pela Petrobras de estender as investigações, anunciada em 29 de dezembro. De acordo com fontes, negociava-se uma renúncia coletiva de toda a diretoria da Petros, mas a forma como a tentativa de mudança ocorreu causou suspeitas e desagradou a patrocinadora.

O presidente da Petros, Carlos Fernando Costa, que inicialmente tentou resistir à entrada dos investigadores externos, apresentou uma lista de nomes para os cargos de três diretorias, sendo que ele mesmo se manteria no cargo. Segundo o Valor apurou com fontes, o processo foi paralisado, por enquanto. 
Não se sabe ao certo se a presidente da Petrobras, Graça Foster, teria desgostado da permanência de Costa no cargo ou se teria avaliado que a renúncia coletiva com a permanência de Costa poderia sinalizar que os investigadores já tinham encontrado algum indício. Graça não tem nenhuma ingerência na Petros, conforme as fontes, mas quer mudanças lá. Foi difícil para a Petrobras, inclusive, fazer com que a fundação aceitasse a presença dos investigadores externos. 
As fundações de previdência privada das estatais entraram no radar dos investigadores da Operação Lava-Jato depois que surgiram indícios de ramificações com o esquema do doleiro Alberto Yousseff e a partir das informações prestadas por Carlos Alberto Pereira Costa, um dos seus principais auxiliares, em juízo.

A direção da Petros é ligada ao PT de São Paulo. O atual presidente da fundação assumiu a presidência em fevereiro do ano passado. De janeiro de 2011 a 2014, ocupou a diretoria de investimentos do fundo. Anteriormente, foi gerente executivo de operações de mercado e da assessoria de planejamento de investimento da Petros. 
Na convocação para a reunião extraordinária do conselho que acabou não ocorrendo em 7 de janeiro havia três indicados. Para o cargo de diretor de investimentos, em substituição a Newton Carneiro da Cunha, foi apontado Marcelo Andreetto Perillo, de 40 anos. Ele é hoje assessor da presidência da Petros. Até agosto de 2014 foi diretor estatutário da Telemar Participações. 
Carlos Cotia Barreto foi indicado para diretor de Seguridade, em substituição a Mauricio França Rubem. Barreto, de 60 anos, é engenheiro químico e professor e ocupa hoje o posto de ouvidor na Petros. A terceira indicação era Danilo Ferreira da Silva, para diretor administrativo e financeiro. Silva tem 31 anos, era técnico em manutenção na Refinaria de Paulínia, e é assessor da presidência da Petros desde janeiro de 2013. 

Procurada pelo Valor, a Petros informou, por meio de nota, que não comenta publicamente questões internas, referentes à sua administração. A fundação informou, ainda, que não recebeu qualquer notificação da Polícia Federal ou do Ministério Público a respeito de qualquer investigação. 
"Por isso, refuta veementemente a informação de que tenha sido pensada ou que esteja em andamento qualquer medida envolvendo a Fundação, que tenha o objetivo de sinalizar ao mercado credibilidade em relação a qualquer investigação". 
Além disso, afirma que a inspeção da Petrobras foi estendida ao fundo de pensão por autorização do conselho deliberativo da Petros, e que isso "não significa que haja qualquer irregularidade ou suspeita de irregularidade" relacionada à fundação. 
"Por fim, a Petros ressalta que sua diretoria sempre teve compromisso com a transparência. 
Tanto que o presidente sugeriu - e foi acatado por unanimidade pela diretoria - a realização de uma auditoria interna, com apoio de consultoria externa independente, para avaliar todos os ativos de crédito provisionados para perdas", diz a nota.

"O trabalho está em andamento e visa verificar se os investimentos foram realizados de acordo com as regras de governança corporativa e levando em consideração o rigor técnico estabelecido pela Petros". Procurada, a Petrobras não retornou o pedido de entrevista. 

Fonte: Valor (15/01/2015)

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