segunda-feira, 24 de novembro de 2014

TIC: Brasil tem uma das telefonias mais caras do mundo, aponta estudo da UIT publicado em Genebra


Trabalhador brasileiro destina proporção maior da renda a ligações do que cubano; custo de ligação é maior do em países da África, Ásia e Europa, segundo estudo de uma organização internacional

A telefonia e o acesso à Internet no Brasil ainda estão entre os mais caros do mundo e os custos
freiam a capacidade de garantir que os serviços cheguem a toda população. A desigualdade social é traduzida também para uma desigualdade digital profunda. 
O alerta é da União Internacional de Telecomunicações que, em um estudo publicado em Genebra.

No Brasil, o custo da Internet para a população mais carente é 20 vezes o peso que
o mesmo serviço representa para os mais ricos. 44% das pessoas que tem
computador em casa não consegue pagar uma assinatura para ter Internet.
O documento revela que o custo de uma ligação pelo telefone celular no Brasil é
superior a todos os países europeus e que consome uma proporção maior da renda
que em países como Cuba, Paquistão, Argélia ou Guine Equatorial.
De 166 países avaliados, apenas 47 deles tem um custo superior na ligação ao que
o brasileiro paga no celular, entre eles Etiópia, Albania, Ruanda e Madagascar. Os
locais onde a ligação tem o menor custo são Macao, Hong Kong e Dinamarca.

O pacote que serve de comparação seria a assinatura mensal de um celular, com
30 ligações por mês, mais 100 mensagens de texto. O valor médio do serviço no
Brasil chegaria a US$ 48,32 por mês ao final de 2013. Em comparação à renda
média do País, isso representa um custo pensar de 4,96%.
Em Macau, o mesmo serviço custa menos de US$ 6,00 e representa meros 0,11%
da renda. Em pelo menos 36 países, o custo de um pacote parecido sairia por
menos de 1% da renda mensal de um trabalhador.
O Brasil ainda está em uma situação incômoda no que se refere aos custos da
telefonia fixa. Dos 166 países avaliados, o Brasil aparece apenas na 110ª posição,
com um custo de US$ 24,00 por uma assinatura mensal, mais 30 minutos de
ligações locais. Isso representa 2,50% da renda média de um trabalhador.
No Irã, a taxa sai por apenas doze centavos de dólares por mês, contra 24 centavos
em Cuba. Nesses países, a telefonia fixa custa por mês entre 0,03% e 0,05% da
renda média.

Numa conta geral, o Brasil aparece na 90ª posição entre os 166 países avaliados
no que se refere ao custo da telefonia. Hoje, são 22 telefones fixos para cada 100
pessoas. O número de celulares é de 135 para cada cem habitantes. Em 2012, a
taxa era de 125.
Internet. No que se refere à Internet, o Brasil registrou pela primeira ao final de
2013 mais de 50% de sua população conectada à rede. Em 2012, a taxa era de 48%
e, no ano passado, a penetração chegou a 51%. 42% tinha acesso à rede.
A taxa da sociedade brasileira com computadores em casa passou de 45% para
48% entre 2012 e 2013. No que se refere à banda­larga fixa, o serviço atende a 10%
dos brasileiros em suas residência. Já a Internet rápida sem fio teve uma expansão
e atinge 55% da população. Em 2012, eram apenas 33% os brasileiros com o
serviço.

Essa situação permitiu que o Brasill subisse da 67ª posição em 2012 para a 65ª em
2013 no ranking das economias mais preparadas para usar as tecnologias da
comunicação. Mas o Brasil ainda é superado pelo Azerbaijão, Romênia e
Argentina.
O ranking é liderado pela Dinamarca, seguido pela Coreia do Sul e praticamente
todos os países ricos. A Europa continua sendo a região onde a tecnologia da
informação é mais avançada.
Mas, uma vez mais, o custo é um obstáculo para o avanço das comunicações no
Brasil. Segundo a agência, "o preço continua uma barreira ao acesso à Internet
em casa em muitos países em desenvolvimento". "No Brasil, por exemplo, 44% das
pessoas entrevistadas que tinham computadores em casa indicaram que não
tinham internet por considerar o preço alto demais ou acima de suas
possibilidades", indicou.

Se no Brasil 42% da população tem internet em casa, a taxa nos países ricos é de
78%. Na média mundial, o ano de 2014 deve terminar com 44%, contra 40% em
2013 e 30% em 2010.
O custo da banda­larga no Brasil representa 1,42% da renda mensal média, o que
coloca o País na 46º posição numa classificação onde o serviço é mais caro. Na
Áustria, onde a banda larga é a mais barata do mundo, o serviço consome apenas
0,13% da renda média mensal de um trabalhador.
O preço da banda larga no celular no Brasil também está entre os mais caros.
Numa classificação de 166 países, o Brasil aparece apenas na 102a posição. O
custo representa 4,14% da renda mensal de um trabalhador brasileiro.
Segundo a UIT, entre 20% e 30% da população ainda considera que os serviços
são caros demais para que possam pensar em ter um celular com internet rápida.

Fonte: Estadão (24/11/2014)

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