quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Fundos de pensão brasileiros (PREVI, PETROS e FAPES) estariam negociando com credores da Argentina (fundos abutres) a compra da dívida com deságio de 40%

Após as frustradas negociações dos bancos estrangeiros para comprar a dívida dos chamados fundos abutres, agora entraram em cena os fundos de pensão brasileiros. Mas por que eles poderiam adquirir essa dívida que deixou o governo argentino em um impasse com um juiz de Nova York e credores?

Segundo fontes do mercado financeiro, há três interessados que mostraram suas propostas aos grupos de finanças NML e Aurelius para adquirir os bônus que ambos têm, e que junto com os juros devidos – segundo a sentença do juiz de Nova York Thomas Griesa – chegam a US$ 1,6 bilhão.
A oferta teria sido apresentada pelos fundos do Banco do Brasil, Petrobras e BNDES.

Os fundos de pensão brasileiros teriam feito uma oferta para comprar o julgamento contra a Argentina algumas semanas atrás. A primeira proposta teria sido rejeitada, mas as negociações continuariam abertas. A informação também se propagou nos círculos empresários de São Paulo.
Os fundos brasileiros teriam oferecido 60 centavos por cada dólar de dívida. “Os abutres querem 80 centavos e as discussões estão abertas”, afirmam fontes privadas brasileiras.

Por que os brasileiros iriam querer ficar com a dívida da Argentina em mãos dos abutres?
“Porque eles têm uma grande quantidade de títulos soberanos argentinos e também investiram em ações de empresas locais. Se a Argentina continuar em default e o acordo que o mercado espera que surja antes do fim do ano não for alcançado, então esses ativos financeiros desabarão gerando grandes perdas para os fundos”,explica uma fonte que seguiu de perto as negociações dos holdouts.

Mantega 
Na última quinta-feira, 28 de agosto, o ministro da Economia, Axel Kicillof, viajou de surpresa para São Paulo. Essa viagem não estava na agenda do ministro nem na do seu colega brasileiro, Guido Mantega.
Kicillof decidiu a viagem algumas horas antes do embarque e até alguns minutos antes de entrar no avião pedia total hermetismo aos seus colaboradores.
Essa mesma reserva se manteve também uma vez finalizada a reunião com Mantega, na capital paulista.
O pouco que foi divulgado pelas fontes oficiais é que a visita de Kicillof respondia à necessidade de iniciar acordos que melhorassem a delicada situação do setor automotivo. No entanto, ninguém pôde responder sobre a razão da urgência de uma viagem que estava fora da agenda.
Fontes do mercado financeiro disseram ao Clarín que o verdadeiro motivo da reunião entre os ministros foi analisar a possibilidade de um acordo para que as entidades financeiras brasileiras obtenham a dívida em mãos dos fundos abutres.
Fonte: El Clarin (30/08/2014)

Comentários do Blog Acorda BB: Se não bastasse a questão do “Risco de Longevidade”, para surpresa geral surge uma nova, inusitada e inesperada ameaça ao patrimônio do nosso fundo de pensão:  a aquisição de títulos da Argentina, ora em mãos de “fundos americanos cognominados “abutres”, conforme notícia abaixo transcrita.
Sobre a matéria, cabem inúmeros comentários.  Mas, limitemo-nos aos seguintes pontos principais:
a) A oferta de negociação teria partido da PREVI, PETROS e BNDES;
b) O fundo “Postalis” não está incluído porque já contabiliza prejuízo com a Argentina;
c) Falharam as negociações de iniciativa de Bancos; os fundos de pensão, que não são entidades financeiras, pretendem ser mais profissionais?
d) A oferta dos fundos brasileiros é de 60 cents por dólar, quando a proposta da Argentina (rejeitada pelos “Abutres”) é de cerca de 30 cents;
e) Nessas condições básicas já pré-conhecidas, mesmo que a proposta de 60 cents seja aceita, já estará configurado um prejuízo de 50%, e ainda sem garantia de recebimento;
f) É de uma candura ofensiva a argumentação usada para justificar por que os fundos de pensão brasileiros querem negociar com os “abutres” (vide destaque e grifo no artigo abaixo), ora transcrita:
“Porque eles (os fundos proponentes) têm uma grande quantidade de títulos soberanos argentinos e também investiram em ações de empresas locais. Se a Argentina continuar em default e o acordo que o mercado espera que surja antes do fim do ano não for alcançado, então esses ativos financeiros desabarão gerando grandes perdas para os fundos”;
 À vista de tais argumentos, cabe perguntar:
  • Fundos de pensão brasileiros estão investindo em títulos de outros países?
  • Se o fazem, o que os leva a isso?
  • Tais investimentos são “secretos”? Por que não se tem conhecimento deles?
  • As gestões de riscos dos fundos de pensão não levam em consideração o “risco Argentina” ?
  •  Quem assegura que, mesmo com essa transação, a Argentina não continuará em “default”, ou seja, tecnicamente “quebrada” ?
  • Quem garante o pagamento dos títulos, se nem um Tribunal americano o conseguiu?
  • A quanto montam os investimentos sob risco de redução de valor? 
  • A quanto montaria a perda resultante de tal redução de valor?
  • Que tipo de administrador financeiro arrisca mais dinheiro, com perda já assegurada de 50%, para tentar manter o valor de outros investimentos já em risco?
Tenho defendido a tese de responsabilização civil e criminal de diretores e conselheiros por gestão temerária, gestão fraudulenta ou por má gestão (gestão contrária aos interesses dos associados).
A meu ver, nenhum investimento se enquadrará melhor nessas “condições” do que a ora aventada, se concretizada.
Urge que os associados da PREVI pressionem as associações no sentido de impedir esse absurdo.
Cordialmente
Ebenézer 

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