terça-feira, 5 de agosto de 2014

Fundo de pensão da Petrobras (Petros) perdeu R$ 21 mi em negócio com doleiro

O fundo de pensão da Petrobras, o Petros, perdeu o equivalente hoje a R$ 21 milhões ao emprestar esse montante em 2006 para uma empresa que era controlada pelo doleiro Alberto Youssef, de acordo com documentos apreendidos pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.
Um relatório da PF levanta a suspeita de que o empréstimo foi obtido graças aos contatos políticos do doleiro.
Um dos indícios de intermediação política, segundo a PF, é um e-mail de um executivo que trabalhava para Youssef, no qual ele faz menção a João Vaccari Neto, tesoureiro nacional do PT, como interlocutor para tratar de assuntos relativos ao Petros.

"Falei hoje com o João Vacari sobre a Petros", diz o executivo Enivaldo Quadrado, condenado no processo de mensalão por ter usado uma corretora, a Bônus Banval, que tinha para repassar recursos do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para o PP, partido da base aliada do PT que tem ligações com o doleiro. A mensagem que cita Vaccari Neto é de 2012.
"Há indício de que João Vaccari estaria intermediando negócios entre a Petros e o grupo GFD/CSA", diz o documento da polícia, citando duas empresas do doleiro.

O Petros é o segundo maior fundo de pensão do Brasil, com patrimônio de R$ 66 bilhões. Teve, só no ano passado, prejuízo de R$ 2,8 bilhões, por conta de investimentos que deram errado e empréstimos não honrados.
Youssef foi preso em março deste ano, sob a acusação de liderar um dos maiores esquemas de lavagem de dinheiro do país, com ramificações na Petrobras e em partidos políticos. Quadrado foi preso na mesma época pela PF, sob a acusação de lavagem de dinheiro, mas responde a ação em liberdade.
O doleiro escolheu uma empresa que criara um projeto aparentemente promissor, mas não tinha capital.
A IMV (Indústrias de Metais do Vale), de Barra Mansa (RJ), tentava implantar um novo método de produção de ferro usando sucata, e não minério de ferro.
Youssef usou um de seus laranjas, Carlos Alberto Pereira da Costa, para colocar como sócio na empresa, segundo a PF. Apesar do interesse da Votorantim pela nova tecnologia, a IMV não conseguia uma seguradora de porte para garantir o empréstimo, como exigia o Petros.
O relatório da PF afirma que houve interferência política até no seguro, já que o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) vetava seguradoras que aceitavam fazer a operação, mas posteriormente mudou de posição.

OUTRO LADO
Vaccari Neto disse, por meio da assessoria do PT, que "não conhece, nunca se encontrou e jamais manteve qualquer forma de contato com Enivaldo Quadrado". O Petros afirma que não vai se pronunciar sobre o empréstimo porque não teve acesso à investigação.
A advogada de Quadrado, Nicole Trauczynski, não quis se pronunciar. Um dos sócios da IMV, Uilian Fleischmann, afirma que não cuidava da parte financeira da empresa e não quis comentar a suspeita. O IRB disse que precisaria de mais tempo para pesquisar a operação.
Fonte: Folha de SP (05/08/2014)

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