quarta-feira, 9 de julho de 2014

TIC: Oi e Portugal Telecom se explicam, mas não evitam queda em bolsa

Ao longo da quarta-feira, a direção da Oi bem que tentou se manter à margem das discussões em torno do investimento que o grupo Portugal Telecom fez de € 897 milhões em papel comercial da Rioforte, holding controlada pelo Grupo Espírito Santo (GES). Não deu certo. Faltando um segundo para a meia-noite, a Oi encaminhou fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), registrado à 0h27 de ontem, se posicionando sobre o assunto. A iniciativa levou a Portugal Telecom a se explicar mais tarde à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de Lisboa.

"A Oi não foi informada, nem participou das decisões que levaram à realização das aplicações de recursos em questão, que foram realizadas anteriormente à subscrição e integralização do capital da Oi pela Portugal Telecom", informou a tele brasileira à CVM. Acrescentou que solicitou esclarecimentos adicionais à Portugal Telecom e "tomará as medidas necessárias à defesa de seus interesses".
A operadora portuguesa informou que "está fortemente empenhada na resolução dessa questão". Disse que está tomando medidas para garantir à Oi a máxima proteção da aplicação de tesouraria em papel comercial da Rioforte. "A PT está convicta de que as várias partes, PT, Oi e GES, serão capazes de encontrar as soluções adequadas para proteger os interesses dos acionistas da PT e da Oi."
A imprensa portuguesa questionava ontem se essa tentativa da Oi de se desvincular da Portugal Telecom poderia significar que a tele brasileira tenta evitar possíveis processos judiciais. Para analistas estrangeiros, a portuguesa vai perder dinheiro, e embora os prejuízos sejam contornáveis, eles não têm dúvida sobre a desvalorização dos ativos e redução da participação de 37% da companhia na Oi.
Por que o grupo português fez a transação sem o conhecimento de seu conselho de administração e também não informou a Oi e seus acionistas durante o processo de fusão? O grupo português precisa de bons argumentos para acalmar os investidores dos dois países. A operação financeira desencadeou uma forte crise envolvendo as teles, o GES, a Rioforte, o Banco Espírito Santo (BES), principal acionista da Portugal Telecom, e outras empresas levadas na esteira.
O mercado reagiu e penalizou novamente as ações da Portugal Telecom, em forte queda ontem na bolsa de Lisboa, de 7,29% - a mais baixa cotação desde 1995. O papel da Oi teve desvalorização de 2,76%, na BM&FBovespa.
A crise expõe a disputa entre os cinco ramos da família Espírito Santo e a falta de consenso para a escolha do sucessor de Ricardo Salgado, que saiu da presidência do conselho de administração do BES logo após a denúncia de irregularidades neste banco. Dois membros da Oi no conselho da Portugal Telecom também saíram.
Fonte: Valor (04/07/2014)

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