quarta-feira, 2 de julho de 2014

Fundos de Pensão: Com ativos de R$ 600 bilhões, Brasil registrou o maior crescimento entre os 13 principais mercados de fundos de pensão na última década

Os fundos de pensão brasileiros constituem hoje um dos mais fortes grupos de investimentos no país, com ativos da ordem de R$ 600 bilhões, elevando o Brasil a um patamar de destaque em relação aos demais países da América Latina. Os três maiores do setor – Previ, Petros e Funcef – foram se fortalecendo aos poucos. Começaram como entidades de previdência privada para as quais contribuíam funcionários e as próprias empresas onde nasceram: Banco do Brasil, Petrobras e Caixa Econômica Federal. Desde seu surgimento, na década de 1960, muita coisa mudou. Antes, os fundos resolviam situações trabalhistas de funcionários de estatais. Hoje possuem participações nos grandes empreendimentos do país. 

Apesar de sua grande capacidade de investimento, os fundos têm enfrentado resistências. O governo federal, por exemplo, vem sinalizando para a restrição da entrada desses grupos nos próximos leilões de infraestrutura no país. Sem entrar em detalhes, o Planalto determinou que os controladores dos consórcios vencedores das concessões dos aeroportos de Guarulhos (caso da Invepar, empresa constituída pelos três grandes fundos), Brasília e Campinas, outorgadas em 2012, não poderão participar da disputa pelos dois aeroportos que vão a leilão este ano – Galeão (RJ) e Confins (MG). 

“A interferência do governo não está sendo benéfica; limita o poder de investimento das instituições. Os fundos estão crescendo e seguem buscando oportunidades em segmentos como o de infraestrutura”, diz o presidente da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), José de Souza Mendonça.

Nos bastidores, os principais fundos de pensão do país estão se articulando para convencer o governo federal a mudar a regra para o próximo leilão de aeroportos. Segundo fontes do setor, a articulação dos fundos tem sido feita por meio da Invepar, que busca apoio em Brasília para viabilizar sua presença na concorrência. Os fundos criaram a companhia para concentrar seus investimentos em mobilidade e não querem criar outra sociedade com o mesmo fim.

Para Raphael Santoro, da consultoria Mercer, os fundos estão avaliando os terminais brasileiros, em estudo que envolve volume de passageiros, transporte de cargas e necessidade de obras de modernização. No portfólio de investimentos da Invepar também estão a concessão do Metrô do Rio de Janeiro; da Linha Amarela, também no Rio; da rodovia Raposo Tavares, em São Paulo; e do Arco Rodoviário no polo de Camaçari, na Bahia.

CRESCIMENTO VERTIGINOSO
De acordo com o Estudo Global de Ativos dos Fundos de Pensão 2011, da Towers Watson, o Brasil foi o país que registrou maior crescimento entre os 13 principais mercados de fundos de pensão na última década. No que se refere às taxas de crescimento de cinco anos, em moeda local, a variação entre os países pesquisados pelo estudo oscilou de -3,5% ao ano, no Japão, para 12,1% no Brasil. No período, a média entre os 13 países pesquisados foi de 4,6%. Já no prazo de dez anos, a menor variação também ocorreu no Japão (0,2%) e a maior, no Brasil (14,7%). Na década, a média de todos os países foi de 5,9%, o que reforça o destaque do Brasil na comparação com os demais mercados no período.

“O Brasil é considerado um mercado jovem e em ascensão. Este cenário se deve também ao ambiente saudável de retorno dos investimentos feitos”, avalia Santoro. “Taxas de juros altas resultam em um retorno sem risco para os fundos. O cenário atual foi formado com base no mercado jovem e no ambiente positivo nos investimentos”, completa o especialista.

De acordo com o levantamento, os ativos dos fundos de pensão nos 13 maiores mercados mundiais estavam estimados em US$ 26,5 trilhões no fim de 2010. Em 2011, os fundos brasileiros reuniam um total de ativos de US$ 342 bilhões, o equivalente a 17% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Para a realização do estudo, a Towers Watson colheu dados de fundos de pensões da Austrália, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Hong Kong, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos, África do Sul, Japão, Holanda e Irlanda. Entre os mercados pesquisados, apenas três respondem, juntos, por 80% do total de ativos: Estados Unidos (58%), Japão (13%) e Reino Unido (9%). “Os Estados Unidos ainda são o grande mercado de previdência, muito longe dos outros países, mesmo aqueles com percentual de ativos bastante significativo”, explica Mendonça, da Abrapp.

Atualmente, o fundo Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, é o maior fundo de pensão da América Latina.  A instituição é acionista de empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional, Vale S.A. e Embraer, além de já ter sido a maior acionista da Perdigão S.A., agora transformada em BRF (Brasil Foods), após sua fusão com a Sadia. No entanto, segundo previsões do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no prazo de dez anos o Previ irá dividir o posto de maior da América Latina com o Funpresp-EXE, fundo de pensão dos servidores públicos do Executivo e do Legislativo.

“A expectativa é que, com o passar do tempo, o Funpresp seja o maior fundo de pensão da América Latina, com o número de servidores envolvidos nos próximos dez anos. O fundo será um ‘player’ importante para garantir os benefícios aos seus cotistas e, ao mesmo tempo, fazer investimentos. Com a redução dos juros, todos os fundos estão se ajustando”, declarou a ministra Miriam Belchior no início de fevereiro.

Em 2013, a previsão é que o fundo dos servidores públicos conte com cerca de 10 mil participantes apenas no Poder Executivo, e com mil servidores do Legislativo. Esse fundo terá, no começo, R$ 48 milhões do Executivo e R$ 25 milhões do Legislativo. 

Fonte: site AméricaEconomiaBrasil (01/07/2014)

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