terça-feira, 24 de junho de 2014

TIC: Tecnologia avança dentro e fora dos gramados

Se ainda há discussões sobre a Copa do Brasil ser, ou não a "Copa das Copas", como prometia o governo federal, sobre um aspecto desse mundial é fácil chegar a um consenso: esta é, sem dúvida, a Copa mais tecnológica de todos os tempos.

Dentro e fora dos gramados, sistemas e equipamentos de vários tipos estão sendo usados massivamente para tarefas como monitorar a performance de atletas, manter a temperatura do gramado no nível ideal, prever o clima e atestar se uma jogada resultou em gol ou não.

Nas mãos dos torcedores, smartphones e tablets registram cada lance das partidas e dos eventos que acontecem antes e depois delas, gerando uma enxurrada de fotos e vídeos que são compartilhadas imediatamente nas redes sociais. É um admirável mundo novo para um esporte que até pouco tempo atrás se mostrava pouco afeito às inovações tecnológicas.

O sistema de detecção de gols - também conhecida como tecnologia de linha de gol, ou TLG, cuja adoção vinha sendo debatida há vários anos - está sendo usado pela primeira vez. Ao contrário do que imaginavam seus opositores, a tecnologia não deixou as partidas "sem graça". Pelo contrário. Seu uso gerou boas avaliações e foi decisivo nas partidas de França x Honduras e Costa Rica x Itália.

Ainda nos estádios, a manutenção do gramado também tem se beneficiado do uso da tecnologia. No Itaquerão, em São Paulo, um programa de resfriamento inédito no mundo mantém a grama sempre na temperatura ideal (cerca de 23º C). O sistema de irrigação também é moderno: 48 aspersores estão espalhados pelo gramado, todos acionados individualmente. Se faltar chuva em São Paulo, o nível do reservatório da Cantareira vai diminuir, mas o gramado da Arena Corinthians dificilmente ficará seco.

Se na beira dos gramados os técnicos ainda usam a boa e velha prancheta para fazer suas anotações e passar instruções aos jogadores, na concentrações e centros de treinamento, a realidade é outra.

Brasil, Croácia, Alemanha e outras seleções têm usado sensores para monitorar o desempenho de seus atletas, levantando dados como velocidade, distância percorrida, frequência cardíaca, entre outros dados. A ideia é prevenir lesões e conseguir o máximo desempenho de cada um.

A seleção da Alemanha, inclusive, se uniu à sua compatriota SAP, maior desenvolvedora de sistemas de gestão do mundo para criar um sistema que analisa todas essas informações e tirar conclusões do que é captado. Até agora, a parceria parece estar funcionando. Mas o uso da tecnologia não garante resultados. Atual campeã do mundo, a Espanha também investiu em tecnologia para monitorar o desempenho de seus jogadores. Ainda assim está voltando para casa mais cedo.

Além do desempenho dos atletas, outra previsão importante para a realização da Copa é a do clima. Para aprimorar isso nas 12 cidades-sede, dois institutos de pesquisa ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) - o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) - desenvolveram um trabalho conjunto, voltado exclusivamente para o Mundial, usando novas ferramentas tecnológicas, como radares de última geração, que permitem, por exemplo, ao Comitê Organizador da Copa, em cada cidade, receber previsões meteorológicas até três horas antes dos jogos - e duas horas depois - algo inédito até então no país.

"Esse trabalho não está ligado diretamente à partida de futebol, já que dificilmente um jogo é adiado por causa de uma grande chuva ou por uma mudança brusca de temperatura, mas é fundamental, por exemplo, para auxiliar no planejamento do transporte dos torcedores e das seleções, principalmente o aéreo", afirma Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI.

Segundo Nobre, o novo e moderno sistema de monitoramento, criado para funcionar 24 horas por dia, pode também evitar problemas de mobilidade em algumas cidades-sede, mais suscetíveis a fenômenos climáticos. "São comuns, nessa época do ano, nevoeiros em Curitiba, Porto Alegre e até no Rio de Janeiro, que podem causar problemas nos aeroportos".

É comum, em tempos de Copa do Mundo, empresas aproveitarem a visibilidade do torneio para lançar novas tecnologias agregadas ao seu produto. O canal de assinaturas NET aproveitou o mundial, assim como fez nos torneios anteriores, para anunciar a primeira transmissão de um jogo de futebol no sistema 4K, chamado de Ultra HD, que em alguns anos tornará obsoleta a tecnologia HD, atualmente a mais moderna, presente em 50% dos televisores brasileiros - enquanto a transmissão em HD tem 2 milhões de pixels, o 4K contará com 8 milhões de pixels, tornando a qualidade de imagens ainda melhor.

Um acordo entre a NET e a SporTV, o canal esportivo por assinaturas da TV Globo, prevê a transmissão em 4K de três jogos do mundial realizados no Maracanã, no Rio de Janeiro, nos dias 28 de junho (quartas de final), 4 de julho (oitavas de final) e - a grande final - no dia 13 de julho.

Ainda em caráter experimental, as transmissões serão exibidas apenas para jornalistas e convidados da empresa, mas o diretor de marketing da NET, Márcio Carvalho, afirma que consumidores que possuem televisores de última geração, preparados para receber a tecnologia 4K (são cerca de mil no país), podem solicitar codificadores para a NET e também assistir aos jogos em casa.

"Vamos receber os pedidos e estudar cada caso, para ver qual é a demanda e se é possível atender a todos', afirma Carvalho, que prevê uma nova revolução tecnológica na geração de imagens, semelhante ao próprio advento do HD. "Depois da Copa do Mundo, nada será como antes".
Fonte: Valor (24/06/2014)

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