sábado, 24 de maio de 2014

Fundos de Pensão: O aparelhamento dos fundos de pensão de estatais pelo PT e seus aliados alastra-se inclusive nas empresas privadas de interesse

A disputa eleitoral para dois cargos de diretores e seis de conselheiros da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) tem servido para lançar mais luz sobre o aparelhamento dos fundos de pensão das estatais pelo PT, principalmente, mas também por seus aliados. Informações detalhadas sobre a situação desse fundo, publicadas pelo jornal Valor, mostram como é feita e a que ponto chegou a sua ocupação pelo partido do governo, que, tudo indica, não deve ser diferente da dos demais fundos.

Não contente em controlar a Previ, o PT e a central sindical que controla, a CUT, estenderam sua influência às dezenas de empresas das quais esse fundo é acionista. Um universo variado, que vai de petróleo a indústria aeronáutica, passando por bebidas e alimentos. Foram identificados pelo menos 50 representantes da Previ - petistas e aliados - nos conselhos de administração e fiscalização de 26 dessas empresas. A maioria - 27 - é de filiados do PT, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Esse grupo já representa um terço dos 153 conselheiros das mais de 50 empresas nas quais o fundo tem interesses e, a continuar a marcha da companheirada no ritmo dos últimos anos, vai aumentar ainda mais.

O surgimento de um grupo de oposição à chapa do PT/CUT que disputa a eleição para aqueles cargos tornou possível a manifestação de críticas que ajudam a esclarecer as práticas dos que tomaram de assalto os fundos de pensão. Os oposicionistas querem mudança na escolha dos dirigentes porque, como diz Cecília Garcez, ex-aliada do PT, "o sistema foi flexibilizado para que a experiência como dirigente sindical conte tanto quanto a de ter sido executivo em uma empresa".

A seu ver, alguns dos conselheiros ligados à CUT "não têm a menor preparação para sentar num conselho de grandes empresas privadas". A Previ nega as acusações do grupo de oposição, sustentando que a escolha de conselheiros é feita com base em critérios técnicos e não partidários. Mas a lista de conselheiros levantada pelo Valor - com as ligações sindicais e partidárias de cada um, assim como os nomes das empresas para as quais foram indicados - dá razão à oposição.

Essa questão está longe de ser apenas uma disputa fisiológica, uma luta por cargos e vantagens. Ela é isso também. Basta lembrar que os conselheiros indicados pela Previ são muito bem pagos pela participação nas reuniões a que têm a obrigação de comparecer. Sua remuneração varia de R$ 3 mil a R$ 47 mil, dependendo da empresa. Alega a Previ que para os funcionários da ativa que desempenham aquela função o valor máximo é de R$ 13,9 mil. Convenhamos que mesmo para eles é uma remuneração a que poucos brasileiros podem aspirar, ainda mais para o pouco trabalho que fazem.

Mas o mais importante é a dimensão econômica e política do controle dos fundos das estatais pelo PT. Essas entidades têm um peso enorme na economia do País. O exemplo da Previ, o maior de todos os fundos, é ilustrativo. Para garantir as obrigações que tem com seus 198 mil associados, ela dispõe de ativos estimados em R$ 170 bilhões. O segundo maior, o Petros, dos funcionários da Petrobrás, administra ativos avaliados em R$ 66 bilhões.

Esse caso vem lembrar mais uma vez que o PT tem uma noção aguda e precisa do que é o poder. Não o confunde com suas aparências. Sabe onde ele está de fato - no controle, ao mesmo tempo, dos fundos de pensão e da máquina do Estado. Não quer ser apenas o "partido da boquinha", como o chamou maldosamente o deputado Anthony Garotinho, hoje seu aliado. O fisiologismo, mesmo desenfreado, é pouco. Ele quer muito mais, ainda que ao custo de comprometer, com sua ambição e irresponsabilidade, o desempenho dos fundos de pensão das estatais.

É bom constatar, por isso, que dentro dos próprios fundos, como a Previ, já surge oposição a seus desígnios. Outro exemplo é a recente conquista, por uma chapa de oposição ao grupo PT/CUT, de importantes cargos na direção do Fundo de Pensão da Caixa Econômica Federal (Funcef), o terceiro maior do País.
Fonte: O Estado de S.Paulo (24/05/2014)

Um comentário:

  1. Chapa 3 ataca a Previ e quer voltar ao tempo de FHC

    Desesperados, os candidatos da Chapa 3 passam todo o tempo atacando a Previ, destruindo a imagem da instituição, espalhando mentiras e procurando criar um clima de caos. Querem devolver a Previ para as páginas policiais, de onde saímos desde que a luta dos associados e sindicatos conquistou o direito de eleger a metade da diretoria.

    Em vez de fazer propostas e apresentar soluções para as demandas dos associados, preferem o ataque, na tentativa de destruir a solidez da Previ e a segurança e seriedade com que é administrado o patrimônio dos associados.

    Mas a Previ resistirá a esses ataques, como vem resistindo. Está protegida contra desmandos do banco, de governos e interesses privados porque estabeleceu mecanismos de gestão que impedem interferências externas, pois valoriza o interesse dos associados.

    Enquanto dezenas de planos de previdência são deficitários, o Plano 1 já distribuiu R$ 25 bilhões de superávit aos associados e ainda tem outros R$ 25 bilhões reservados. Desde que foi criado o Previ Futuro, seus investimentos renderam mais que os investimentos em ações e renda fixa.

    Mas para a Chapa 3 isso não quer dizer nada. Por interesses eleitoreiros, querem destruir a imagem da Previ e comprometer a sua segurança.

    Os membros da Chapa 3 se declaram desvinculados de interesses políticos. Mas são os mesmos que levaram para o palco da Anabb o então candidato presidencial do PSDB, DEM e PPS, Geraldo Alckmin, para posar com a camisa do BB. Assumiram uma posição partidária do lado de quem queria privatizar o Banco do Brasil e que decretou duas intervenções na Previ (2001 e 2002) para implantar o voto de minerva e recolher bilhões de Imposto de Renda aos cofres do Governo FHC.

    Os membros da Chapa 3 atacam Pizzolato. Mas foram eles que compuseram chapa com Pizzolato e o elegeram para a diretoria da Previ em 1998. Durante os anos que administraram a Previ, nenhuma mudança ou melhoria de beneficio foi feita. Foi necessário eleger posteriormente candidatos comprometidos com os interesses dos associados e apoiados pelas entidades que hoje apoiam a Chapa 4, para que a Previ gerasse superávit e incorporasse novas melhorias de benefícios.

    A Chapa 3 procura alterar o passado. Mas o funcionalismo tem boa memória. Não queremos voltar ao tempo do congelamento salarial, das intervenções na Previ, dos investimentos empurrados goela abaixo da Previ pelos governos do PSDB que eles apoiaram. Sauípe, Magic Park, Oi, Brasil Telecom e outros investimentos causaram prejuízo à Previ e levaram nosso fundo de pensão às páginas policiais.

    Não queremos voltar ao passado tenebroso que estes candidatos representam.

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