sexta-feira, 23 de maio de 2014

Comportamento: Desinteresse em trabalhar aumenta cada vez mais entre brasileiros e já ultrapassou os 17 milhões em idade de trabalho

Contingente aumentou 5,7% em relação a abril de 2013 e representa 91% dos inativos nas cidades pesquisadas 
Maioria do grupo é de mulheres, jovens até 24 anos e idosos, concentrando-se em Sampa, BH, Rio e Porto Alegre 
O número de pessoas interessadas em trabalhar despencou no intervalo de um ano. Esta é a principal explicação para a taxa de desemprego ter se mantido em abril no menor patamar para o mês desde 2002. 
Os que respondem à pesquisa do IBGE que não gostariam trabalhar eram 17,375 milhões de pessoas em abril deste ano, 5,7% mais do que os 16,436 milhões do mesmo mês do ano passado.
 
Eles correspondiam a 91% dos chamados inativos nas seis principais regiões metropolitanas do país. O restante, em sua grande maioria, são os que entram e saem do mercado de trabalho em momentos específicos ou os que fazem "bicos", mas não estavam empregados nem à procura de trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa. 
Esse é o período de referência para compor o grupo que está empregado ou à procura de uma vaga --na força de trabalho de modo efetivo. 
Os inativos são o segundo grupo mais importante da população em idade para trabalhar (10 anos ou mais, pela pesquisa). Perdem só para os ocupados: 22,9 milhões em abril de 2014, grupo estagnado na comparação anual. 
Sem crescimento da oferta de vagas, a taxa de desemprego tem ficado nos menores patamares históricos (4,9% em abril) apenas pela reduzida procura por trabalho. 
"A taxa de desocupação não quer dizer nada num cenário de fraco desempenho do emprego e redução da população economicamente ativa [quem está disponível para trabalhar], ainda mais num período de menor crescimento econômico", diz José Francisco Gonçalves, economista-chefe do banco Fator. 
PERFIL 
O perfil das pessoas que não estão dispostas a trabalhar é composto, em sua maioria, por mulheres (que, em geral, não chefiam a família), jovens até 24 anos (o que indica que há um foco maior na qualificação profissional e condiz com os dados de aumento da escolaridade desde o Plano Real) e idosos (contam com a aposentadoria). 
Esse grupo, diz o IBGE, se concentra nas regiões de maior rendimento e de população mais envelhecida: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. 
"O grosso dessas pessoas está nos extremos da pirâmide etária. Pode haver uma relação com o envelhecimento da população e com o aumento da renda nos últimos anos, não só do trabalho, mas de aposentadorias e transferências [de programas sociais]", diz Adriana Berenguy, técnica do IBGE. 
Com folga no orçamento, quem não é chefe de família, diz, pôde postergar a entrada no mercado de trabalho ou se dedicar a atividades como cuidar da casa e dos filhos. 
Os dados do IBGE apontam ainda uma freada no processo de formalização, com um ritmo menor de crescimento do emprego com carteira no primeiro quadrimestre. Já a queda dos trabalhadores sem carteira se intensificou, o que sugere que parte desse grupo saiu do mercado de trabalho. 
Outro sinal de piora é a queda de 1,9% do emprego na indústria nos quatro primeiros meses de 2014. O setor é importante porque demanda profissionais terceirizados e de outros ramos, como o de serviços. 
Com menos gente buscando trabalho, renda segue firme 
Com menos gente disposta a trabalhar, a renda permanece em alta, apesar do ambiente de baixo crescimento econômico, com o consumo enfraquecido diante de juros maiores e crédito restrito. 
É que as empresas têm de pagar mais para manter seus profissionais --assediados por concorrentes-- ou negociar condições melhores com sindicatos. 
O custo de contratar um empregado é elevado e consome muito tempo. 
Desse modo, é melhor retê-lo, ainda mais num cenário de escassez de oferta de trabalhadores. 
Fonte: Folha SP (23/05/2014)

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