quarta-feira, 26 de março de 2014

Aposentadoria: Mais um golpe na praça usa falsa seguradora para enganar aposentados

Suposta seguradora oferece pecúlio de mais de R$ 72 mil em troca de 4% desse valor, mas dados da empresa não existem 
Um novo golpe pode estar sendo aplicado a aposentados em todo o Brasil e já chegando a Minas Gerais. Uma correspondência de uma empresa chamada ESPP Brasil é enviada pelos Correios informando que o segurado teve liberado um pecúlio em vida no valor de RS 72,4 mil mais aposentadoria complementar vitalícia de cinco salários mínimos. Para receber a quantia, a vítima precisa pagar uma taxa de 4% do valor do pecúlio referente à complementação do plano, uma vez que o beneficiário teria supostamente contribuído por 12,5 anos, seu plano é de 15 anos para o recebimento do pecúlio. 
De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro, vinculado ao Ministério da Fazenda, a ESPP não é uma empresa de seguros, já que não é cadastrada para atuar nos mercados supervisionados pelo órgão. “Acredito que sequer exista tal empresa. Ao que tudo indica, é um estelionato aplicado por alguma quadrilha em várias regiões do país”, afirma Antonio Carlos Fonseca, chefe de gabinete da Susep. O órgão orienta ainda que não seja feito qualquer tipo de pagamento nesses casos e que a pessoa que receber esse tipo de correspondência envie um comunicado à autoridade policial local. “Recebemos muitas reclamações similares, e como trata-se de fato criminoso encaminhamos sempre ofícios à Polícia Federal, Policia Civil e Ministérios Públicos Estaduais, para que sejam adotadas as medidas cabíveis”, explica Fonseca. 
O que mais intriga é como os golpistas conseguem ter acesso a diversos dados sigilosos das futuras vítimas. Muitas pessoas, ao constatar a existência dos números reais do CPF, PIS, telefone e endereço, acabam ficando mais suscetíveis a cair no golpe, sobre o qual ainda não há muitas informações. O nome da seguradora ESPP Brasil é indicado na apólice, que não informa um site, nem mesmo o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa. A apólice enviada ainda destaca o nome da advogada, Janaina Santana, com carimbo, número da inscrição na Ordem dos Advogado do Brasil (OAB-DF) e rubrica. No entanto, a OAB informou que a inscrição dela está cancelada no Distrito Federal, constando uma outra em Goiânia, também extinta. 
A OAB-GO informou que consta no histórico da advogada o telefone comercial (62) 3259-5548, mas que não está em operação. Ainda de acordo com o órgão, esse tipo de golpe é comum também em Goiânia, envolvendo benefícios previdenciários, correção de poupança, etc. Geralmente, os supostos advogados apresentam-se com inscrição em outro estado. A recomendação da OAB nesses casos é que, ao ser procurado nesse tipo de situação, o cidadão busque orientação com um advogado de confiança e confira na OAB se sua inscrição está regular. 
O endereço da seguradora é de Brasília, CRS 502, Bloco D, Loja 47, Asa Sul, assim como os telefones de contato disponíveis com DDD 61 com os números 8264-9458 e 8264-9460. E, apesar de constar os endereços do Distrito Federal, o carimbo do Correio no envelope é de Benfica, Bairro de Fortaleza, no Ceará. 

Endereço Falso 
Para averiguar, a reportagem do Estado de Minas foi até o local descrito na apólice, mas não encontrou o endereço da seguradora. O segurança Max Martins, de 44 anos, trabalha no local há mais de oito anos. Ele fica posicionado em frente à última loja do Bloco C, na 502 Sul. O funcionário explicou que todas as quadras da W3 são dividas por apenas três blocos. “Não existe bloco D. Tanto no ano passado quanto neste ano apareceram várias pessoas aqui procurando por este endereço e por esta ESPP”, disse. Os funcionários do comércio local também disseram desconhecer a existência da empresa. Na mesma quadra, existem outras lojas de seguradoras e uma agência da Previdência Social. 
A reportagem também entrou em contato pelos telefones informados por várias vezes. Em apenas uma das tentativas a chamada foi atendida por uma mulher, que se identificou com o nome Maria. Segundo ela, o telefone é da empresa ESPP Brasil, mas no momento todos os atendentes estavam ocupados. A repórter disse ser filha do beneficiado e a mulher informou que apenas a pessoa identificada na apólice poderia entrar em contato. No entanto, a reportagem continuou, dizendo que era filha da pessoa, que no momento não poderia falar, pois estava doente. Ela então cedeu e informou que um advogado entraria em contato mais tarde, o que não ocorreu.
Fonte:  Segs e AsPreviSite (26/03/2014)

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