quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

TIC: Caio Bonilha sai da presidência da Telebras, três meses antes de vencer seu mandato

Três meses antes de vencer seu mandato de dois anos à frente da Telebras, Caio Bonilha renunciou ao cargo, ontem. Embora tivesse a opção de renovar o mandato por mais dois anos, o executivo optou pela saída antecipada da presidência da empresa estatal vinculada ao Ministério das Comunicações. Francisco Ziober Filho, que responde pela diretoria comercial, será o presidente interino.

A União detém 89,88% das ações ordinárias da companhia com direito a voto, o restante está nas mãos de minoritários. Bonilha encerra um ciclo de reformulação da estatal, que deve registrar prejuízo (o valor não foi revelado) no balanço do quarto trimestre de 2013, a ser divulgado neste mês.

Antes de deixar o cargo, Bonilha disse ao Valor que a Telebras deve fechar 2013 com receita total de R$ 50 milhões, gerada pelo Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). A empresa investiu R$ 500 milhões desde sua reativação, em 2010, majoritariamente em redes ópticas. No ano passado, foram aplicados R$ 25 milhões, valor previsto para ser repetido em 2014.

"Fizemos uma redução de capital e absorvemos prejuízos acumulados, em abril, de R$ 456 milhões. Com isso, zerou o prejuízo acumulado e agora espero melhorar a posição da empresa para os acionistas", afirmou. "Foi uma operação de guerra para fechar o balanço, em função da implantação do ERP." Bonilha se referia ao sistema de gestão da companhia alemã SAP, implantado pela espanhola Indra, que venceu a licitação. Com o sistema, o objetivo é ter um controle digital de toda a operação, sem fluxo de papel.

O sistema, que custou R$ 12,5 milhões, segundo o diretor da área de governo da Indra, Marcos Dib, entrou em operação em novembro, mas ainda está sendo alimentado com dados da Telebras, o que deve durar ainda mais um mês. Também falta implantar o módulo de relacionamento com o cliente, previsto para fevereiro.

Bonilha disse que a Telebras poderá obter equilíbrio de receitas em 2014, mas continuará dependendo de aportes do Tesouro. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do governo para 2014, do total de R$ 521,59 milhões de orçamento para a companhia, R$ 485,4 milhões virão do Tesouro e R$ 36 milhões serão de geração própria. "Gostaria que o Tesouro não precisasse mais aportar recursos a partir de 2014, mas será preciso para a construção do satélite, que é estratégico para o governo, e não comercial, pois não visa lucro", afirmou. "Fora o satélite, espero que a empresa possa pagar suas contas em 2014 e 2015."

Criada em 1972, esvaziada com a privatização do Sistema Telebras e extinta em 1998, a companhia foi reativada em 2010, em meio a polêmicas. Foi combatida pelas operadoras privadas, receosas de que competiriam em nível de desigualdade com o governo. Nessa nova fase, procurou um novo foco ao se concentrar na estruturação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), na implantação de infraestrutura por cabo submarino, na produção de um satélite nacional, por meio de uma joint venture com a Embraer, que criou a Visiona, e na criação da infraestrutura nos estádios para receber os grandes eventos esportivos de 2013 e 2014.

As teles privadas nunca "engoliram" o renascimento da Telebras. Sempre desconfiadas, pressionaram para que não atendesse o mercado residencial e empresarial. A estatal ficou confinada a contratos com o governo e com outras teles para oferecer infraestrutura.
Fonte: Valor (15/01/2014)

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