segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Aposentadoria: Até que a morte (e não a aposentadoria) nos separe

Estatísticos notaram ultimamente um aumento nos "divórcios grisalhos". Casais, que ficaram juntos por décadas, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, que cuidaram da educação dos filhos e que ajudaram um ao outro a cuidar dos próprios pais, vêm se separando justamente quando estariam prestes a desfrutar de seus anos dourados.

Sem dúvida, alguns casais, mesmo infelizes, apenas "permaneceram juntos pelas crianças", mas há algo a mais ocorrendo aqui. Cônjuges que ficaram comprometidos por anos veem na aposentadoria a última chance para fazer o que realmente querem. Assim, quando ele quer se mudar para uma casa menor (sem gramado para cuidar) em algum condomínio para aposentados e ela, ficar na grande casa da família (perto dos filhos), ou quando ela quer viajar e ele, jogar golfe, saem faíscas para todos os lados. "Às vezes costumo ser mediador entre esses casais", diz Jacob Gold, assessor financeiro do ING U.S. Financial Partners, em Scottdale (Arizona), especializado em dicas sobre aposentadorias.

É uma história comum, aponta pesquisa da Fidelity Investments. Cerca de 45% dos casais não aposentados discordam sobre o estilo de vida que esperam na aposentadoria. Mais de um terço não concorda sobre onde viver ou não tem ideia de onde quer viver. Ainda de acordo com a pesquisa, divulgada no fim de setembro, outro terço diverge sobre continuar trabalhando ou não na aposentadoria.

Nem toda divergência, é claro, vai acabar em fim de casamento. Um parceiro trabalhar alguns anos a mais que o outro parceiro não é algo que ocorre o tempo inteiro. Mas como resolver diferenças mais profundas, sem fazer uma visita a Reno e suas empresas especializadas em divórcios a jato? Aqui vão algumas ideias.

- Entrem na mesma sintonia financeira. Mesmo se um dos parceiros cuidar dos investimentos, os dois devem saber exatamente com o que vão poder arcar em suas aposentadorias, diz Kathy Murphy, presidente da Fidelity Personal Investing. Vai ajudar a trazer foco à discussão. Para começar, você pode responder a um questionário financeiro no site da Fidelity (www.fidelity.com/cou plesquiz).

- Cooperem. Muitos assessores financeiros insistem em encontrar o casal ao mesmo tempo, em vez de fazer o planejamento da aposentadoria com um ou o outro. Isso dá aos casais uma compreensão clara do ponto em que se está, além de uma terceira visão imparcial para avaliar qualquer diferença de ponto de vista.

- Falem sobre seus sonhos. Deixem o orçamento de lado e falem sobre o que realmente gostariam de fazer pelo resto de suas vidas. Vocês podem diminuir suas ambições depois para equipará-las à conta bancária. Mas é importante saber se um parceiro quer passeios a cavalo por Montana enquanto o outro não se sentirá realizado enquanto não navegar pelo Caribe.

- Depois da conversa sobre sonhos, destrinche detalhes. Talvez ela não precise morar necessariamente em Montana nem ele ter um barco tão grande. Eles podem passar um mês em cada lugar. Uma solução às vezes recomendada por assessores: vendam a casa grande e comprem duas mais modestas, em locais diferentes.

- Falem sobre a vida juntos. Muitas vezes casais têm ideias bem diferentes sobre como devem viver seus dias. Murphy diz que é comum homens se envolverem com esportes e exercícios; e as mulheres, pela família, hobbies ou trabalhos voluntários em sua comunidade. Isso não é problema para a maioria dos casais, acostumados a passar boa parte do dia afastados. "Casei-me com você para passarmos juntos o café da manhã e o jantar, mas não o almoço", diz uma velha piada sobre aposentados.

Mas se um parceiro pensa que a aposentadoria significa passar o dia inteiro com o par, algo que ele ou ela tanto sentiu falta durante todos esses anos, isso pode ser um problema. "Podemos ver que o tempo que eles passam juntos pode criar uma divisão", diz Gold. Isso pode ser particularmente grave se um dos parceiros se aposentar em tempo integral. Converse, seja realista e faça concessões, diz.

- Acomodem-se de forma gradual. Os "baby boomers", como ficou conhecida a geração dos nascidos após a Segunda Guerra Mundial, cada vez mais se valem do conceito de uma aposentadoria gradual. Nem todos os sujeitos que partem para Belize ou compram trailers pretendem viver assim o tempo inteiro. Talvez possam estruturar algo do tipo "vamos fazer isto por dois anos e, então, vamos fazer aquilo por dois anos".

- Tentem alguma atividade nova. Você e seu par se juntaram, em primeiro lugar, porque gostavam da companhia um do outro. Talvez um de vocês adore tênis e o outro, carpintaria. Vocês podem concordar em dar espaço um ao outro para essas atividades e escolher alguma terceira - jogar bridge, por exemplo, ou observar pássaros - que nunca fizeram e aprendê-la juntos.

- Conversem sobre o fim da aposentadoria. Gold nota que muitas vezes vê casais discordando sobre como lidar com seu patrimônio - um quer morrer gastando até o último centavo e o outro, deixar herança. Ele diz às pessoas que sua prioridade deveria ser assegurar uma aposentadoria confortável e, então, reservar uma parte para o testamento. Se eles não puderem concordar sobre qual a linha entre o "confortável" e o "poupemos para as crianças", ele recomenda que comprem uma apólice de seguro de vida que seja acionada apenas após a morte do segundo parceiro, normalmente usada para saldar impostos imobiliários que recairiam sobre os herdeiros. Não é barato, mas se te salvar de uma briga de casal, pode valer tanto a pena quanto aquelas empresas de faxina que ajudaram a manter a paz familiar durante seus anos de trabalho.
Fonte: Linda Stern e Valor (14/10/2013)

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