segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Fundos de Pensão: Aumento na expectativa de vida exige ajuste nos planos

 A maior longevidade comemorada por muitos por refletir a melhor qualidade de vida das pessoas está no centro das preocupações dos planos de previdência complementar. Recentes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) preveem que a expectativa de vida dos brasileiros, em 2060, será de 78 anos para os homens e 84 para as mulheres. "Todo mundo está vivendo mais do que está previsto nas tábuas de mortalidade dos planos" afirma Carlos Garcia, diretor-presidente da Itajubá Investimentos. 
Ele alerta que só há três alternativas: "Aumento da rentabilidade dos fundos, aumento das contribuições ou diminuição dos benefícios". Além disso, a redução dos juros no país também provocou grande impacto sobre os passivos dos fundos. Daí a exigência da Previc para que as metas atuariais dos fundos se atualizem e caiam para 4,5% + inflação até 2018. 
Quem já se adiantou e está à frente de outras instituições no cumprimento da nova regra é a Fundação Itaú Unibanco, que, além do ajuste antecipado, vem ganhando posições frente aos concorrentes. Se o ranking dos 15 maiores fundos da Abrapp considerasse também o mês de julho, teria passado à frente da Fundação Cesp em total de ativos administrados. O Itaú-Unibanco fechou os sete primeiros meses do ano com R$ 23 bilhões em investimentos para os seus 61 mil beneficiários - ante os R$ 22,6 bilhões da Cesp. 
Apesar de ter visto zerada a rentabilidade de sua carteira em 2013, os fundos dos funcionários do banco estão superavitários em R$ 2 bilhões e registraram alta de 35% nas aplicações ao final de 2012. "Já cumprimos hoje o que prevê a Previc de meta atuarial para 2018 e usamos as tábuas de mortalidade mais avançadas do mundo para resolver a questão da maior expectativa de vida das pessoas. Do lado dos ativos, olhamos para os que têm correlação com longevidade", diz Gabriel Amado de Moura, diretor de investimentos do fundo. 
Uma das tentativas de solucionar parte do problema da longevidade no Brasil se deu a partir da década de 90 com a modelagem de novos planos fechados de aposentadoria. Outro salto veio com a criação das leis complementares 108 e 109, já nos anos 2000, que impuseram exigências adicionais em torno na governança corporativa dos fundos, criação de conselhos com participação dos contribuintes, controle de riscos e maior transparência e prestação de contas aos beneficiários. 
Assim, os antigos planos de benefício definidos foram sendo fechados para novas adesões e substituídos pelos planos de contribuição definida ou contribuição variável, onde o colaborador receberá no futuro aquilo que acumular (com a contrapartida da empresa). Isso porque os antigos BDs, que concentram a maior parte dos ativos do mercado, quando estão deficitários, muitas vezes têm que chamar os colaboradores da ativa para aumentar suas contribuições para cobrir o rombo. E é aí que mora o perigo. Hoje, cerca de 700 mil pessoas já recebem seus benefícios, a maioria oriundas de planos BDs. 
Para resolver o problema da longevidade, de 2009 para cá, as fundações vêm adotando a tábua de mortalidade AT 2000, mais rígida em relação às expectativas de vida do IBGE. Naquele ano, 38% das carteiras aplicavam essa tábua, que hoje já atinge 61% na modalidade de plano BD, como ocorre com o Fundo Valia. 
Fonte: Valor Online (23/09/2013)

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