segunda-feira, 15 de julho de 2013

Associação de Aposentados (Apos): Fica cada vez mais evidente a importância da independência das Associações com relação aos Sindicatos e suas Centrais

Sindicalismo vencido 
Se pretende recuperar prestígio e terreno perdido, movimento sindical deveria deixar de agir como apêndice de partidos e governos
As manifestações organizadas no país para o chamado Dia Nacional de Lutas foram uma tentativa das diversas centrais sindicais de recuperar terreno perdido. Não apenas em relação aos protestos de junho, mas também aos anos de atuação domesticada pela simbiose com o governo petista.
Os atos bloquearam rodovias e reuniram cerca de 90 mil pessoas em 18 capitais. No auge, estima-se que os protestos do mês passado, à margem de sindicatos e partidos, tenham mobilizado mais de 1 milhão de pessoas.
As diferenças, além de numéricas, se evidenciaram na morfologia mais tradicional --de cima para baixo-- da expressão sindicalista e no intuito de poupar, o quanto possível, a imagem da presidente Dilma Rousseff.
Desde que voltou à cena no ABC paulista, na década de 1970, o sindicalismo brasileiro percorreu um ciclo que o levou do ímpeto renovador ao conformismo oficialista, a que se tem, não sem razão, chamado de neopeleguismo.
Já ficaram para trás as reivindicações em prol do "sindicalismo autêntico", defendido pelo então líder operário Luiz Inácio Lula da Silva, que postulava organizações trabalhistas autônomas. Com a ascensão dos sindicatos ao poder, a reboque do PT, consolidou-se a versão repaginada do modelo varguista. O sistema continua a ser tutelado pelo Estado e mantido por tributos compulsórios.
Ao todo, cerca de R$ 1,9 bilhão foi repassado, em 2012, aos cofres de sindicatos, federações, confederações e centrais --não só de trabalhadores, mas também patronais.
À sombra desse regime floresceram organizações artificiais, que beneficiam antes suas diretorias do que as categorias que deveriam representar. A burocratização e a instrumentalização por interesses partidários e governamentais é um claro sinal de descompasso entre as associações sindicais e as aspirações emergentes da sociedade.
É certo que as organizações trabalhistas continuam a ter um papel a desempenhar na defesa de seus associados, como ora se observa na Europa. Também lá as centrais foram às ruas na esteira dos protestos "horizontais" --mas encontraram na crise econômica e no alto desemprego um terreno propício para atuar.
Se pretende de fato recuperar o tempo perdido e reconquistar prestígio, o sindicalismo brasileiro precisa rever suas bandeiras, suas formas de atuação e, sobretudo, a maneira como se inscreve nas relações sociais e econômicas.
As manifestações espontâneas e descentralizadas de junho deixaram ainda mais anacrônicas essas organizações que arrogam a função de representar setores da sociedade, mas atuam como apêndices de governos e partidos.
Fonte: Folha de S.Paulo (13/07/2013)

Nota da Redação: Deve existir uma separação muito clara e bem definida entre as associações de aposentados e os sindicatos nas questões da previdência complementar. As primeiras devem defender os assistidos, enquanto os sindicatos devem ater-se aos participantes ativos, pois nem sempre o interesse destas duas classes coincide. Em regiões onde não existem Associações de Aposentados, é natural que os sindicatos assumam a defesa destes assistidos. Para o bem de todos participantes, ativos e assistidos, é de suma importância o bom relacionamento entre ambos, mas a independência entre eles é mais importante ainda, principalmente nos dias de hoje em que os sindicatos ficaram com a imagem muito associada aos partidos políticos e, principalmente ao governo. O relacionamento independente e proativo entre a APOS e o SINTPq em Campinas nos últimos episódios de alteração de regulamentos e lançamento de um novo plano por parte da Sistel e da patrocinadora Fundação CPqD e suas três empresas coligadas, é um exemplo claro desta necessidade, refletida nos resultados já alcançados.

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