terça-feira, 30 de abril de 2013

Mundo: Kodak repassa negócio de filmes de quase US$ 3 bi a aposentados britânicos


A Eastman Kodak, que já foi uma das maiores empresas dos Estados Unidos, vai repassar a aposentados britânicos sua obsoleta divisão de filmes para câmera e outros ativos. Em troca, quer apagar uma quantia estimada de US$ 2,8 bilhões em pedidos de indenização. O plano inovador, que põe a companhia de 131 anos em posição para começar a sair da recuperação judicial, foi acertado com gestores de fundos de pensão britânicos. 
Se aprovado pela Justiça americana, o plano vai evitar a interferência do Fundo de Proteção de Aposentadorias do Reino Unido, que funciona como uma proteção em relação a planos com fundos insuficientes de empregadores insolventes. No entanto, os 15 mil membros ainda têm de aceitar os benefícios reduzidos. 
O Plano de Aposentadorias Kodak (KPP, nas iniciais em inglês), o maior credor da Kodak, vai pagar US$ 650 milhões em dinheiro e em ativos não pecuniários para assumir as divisões de geração personalizada de imagem e geração de imagem de documentos. 
Steven Ross, presidente da KPP, disse que as divisões foram avaliadas em US$ 650 milhões e que "os fluxos de caixa gerados por elas nos próximos anos sugerem que temos uma probabilidade de sucesso muito grande de gerar os benefícios que os membros obteriam no novo KPP". Antonio M. Perez, presidente do conselho de administração e principal executivo da Kodak, que pediu recuperação judicial após não ter conseguido se recriar na era digital, disse que o acordo possibilitará à empresa superar vários obstáculos no caminho de sua reestruturação. 
"O acordo vai solucionar todas as potenciais reivindicações em âmbito mundial, garantirá a continuidade das operações fora dos EUA e fornecerá "liquidez" para a empresa sair do regime de recuperação judicial", disse Perez, em uma declaração. 
Alguns consultores de fundos de pensão, no entanto, não se mostraram tão convencidos dos méritos do acordo e disseram que uma transferência de ativos desse gênero não tem precedentes. Um acordo menor previa que a fabricante de laticínios Uniq entregasse a maior parte de seu patrimônio ao fundo de pensão; mas não havia qualquer pagamento paralelo como no caso da Kodak. 
"Esse é um negócio histórico para o Regulador de Pensões britânico", disse John Ralfe, consultor independente de fundos de pensão. Ele afirmou que o Regulador de Pensões, responsável por garantir o cumprimento pleno e pontual das promessas de aposentadoria, deveria produzir um relatório que explica por que o plano é preferível ao recebimento puro e simples de uma parcela do rendimento da liquidação por meio das Justiças britânica e americana. 
O órgão regulador, que esteve envolvido em discussões por todo o processo de recuperação judicial, disse acreditar que "o acordo alcançado representa o melhor resultado para os membros do plano que se encontram em situação difícil". Assumir o KPP britânico teria custado ao Fundo de Proteção de Aposentadorias britânico, custeado por tributos, cerca de 1 bilhão de libras esterlinas. Em números redondos, o KPP tem 1 bilhão de libras esterlinas em ativos e um passivo de 3 bilhões de libras esterlinas. 
O pacto segue-se a esforços envidados por outras empresas britânicas de sanar déficits de fundos de pensão com seus próprios produtos. A processadora britânica Dairy Crest transferiu 20 milhões de quilos de queijo em processo de cura para seu fundo de pensão deficitário, enquanto a Diageo, a maior fabricante mundial de bebidas destiladas, entrou com uísque escocês.
Fonte: Valor Online (30/04/2013)

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