quarta-feira, 13 de março de 2013

Fundos de Pensão: Investir em empresas com preocupações ambientais rende o dobro das demais. Este deve ser o novo foco de investimentos dos fundos de pensão.


Na linha de que uma prova objetiva vale mais que muito discurso, Fernando Eliezer Figueiredo, diretor no Brasil do Carbon Disclosure Project (CDP) informava ontem a representantes de fundos de pensão reunidos no auditório da Abrapp os resultados de uma pesquisa que cobriu um período de seis anos, entre 2006 e 2012. O levantamento reunia, de um lado, as 500 maiores empresas do mundo listadas pela Standard&Poors e, de outro, aquelas que dentre elas figuram em dois índices de corporações ambientalmente responsáveis produzidos no mundo pelo CDP. Os números anunciados por Figueiredo nesta terça-feira (12) mostraram que o segundo grupo de companhias apresentou em média uma rentabilidade que foi simplesmente o dobro das que integram o primeiro. Em resumo: quem pensa no meio ambiente e no social pode gerar melhor performance do que quem opera com outras prioridades. Ou evitar prejuízos, completa Figueiredo: “O que montadoras japonesas e a Intel poderiam ter com as violentas chuvas ocorridas na Tailândia ? A resposta: prejuízos de bilhões de dólares”.

“Investir de forma responsável de modo algum contradiz o dever fiduciário dos fundos de pensão”, observa  Petro Galoppi, responsável pelo PRI - Princípios de Investimento Responsável no Brasil.

Há fundos de pensão que já buscam internalizar esse conceito. Helena Kerr do Amaral, Gerente Executiva de Planejamento Estratégico da Petros, nota que em sua entidade a preocupação é não somente sensibilizar as empresas, mas também e até principalmente preparar internamente os seus analistas para que consigam ver as companhias não só em seus aspectos econômicos e financeiros mas também sob o foco da sustentabilidade. Mesmo porque organizações ambiental e socialmente responsáveis têm menos potencial de causar sustos aos investidores, por conta de acidentes, do tempo gasto na aprovação de projetos ou a partir das multas   fruto da simples visita da fiscalização.

Muitas outras entidades também já mostram entender isso. O CDP, o projeto global que busca com que atualmente 722 investidores institucionais participantes no mundo direcionem mais de US$ 80 trilhões para empresas ambientalmente responsáveis,  já tem mais de 60 fundos de pensão brasileiros entre os seus apoiadores e dele a Abrapp é uma das patronas desde que chegou ao Brasil, em 2006. Já o PRI, que cobra das companhias que sejam responsáveis também socialmente e em matéria de governança e conquistou no Brasil o apoio de 18 entidades, reúne gestores que têm sob a sua administração no mundo acima de US$ 40 trilhões.

Ambos, CDP e PRI, os dois contando com fundos de pensão, já atuam em parceria no mundo e estão passando a partir de 2013 a desenvolver ações integradas também no Brasil. “A ação conjunta vai potencializar sinergias existentes entre o CDP e o PRI”, comenta Figueiredo.

Vão se unir, por exemplo, no esforço destinado a  elevar o número de empresas que respondem  ao questionário da pesquisa que alimenta o relatório anual. Irão se juntar também na realização de quatro workshops ainda este ano, nos meses de abril, junho, agosto e outubro. O intuito continuará sendo a transformação do sistema econômico global para assim prevenir mudanças climáticas e valorizar recursos naturais, oferecendo informações relevantes a esse respeito e as colocando no centro dos negócios, dos investimentos e das decisões políticas.
Fonte: Diário dos Fundos de Pensão (13/03/2013)

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