quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Mundo: As tendências que estão mudando a cara da aposentadoria nos EUA

A geração dos "boomers", como os nascidos entre 1946 e 1964 costumam ser chamados nos Estados Unidos, rompeu com os padrões em todas as fases de sua vida e parece que não é na velhice que isso vai mudar. Eles começam, serenamente, a entrar na aposentadoria. E vêm criando empresas, aderindo a tecnologias digitais e mudando-se para viver no exterior - mais do que nunca. Sob certos aspectos, porém, enfrentam mais dificuldades do que a geração anterior.

A seguir, algumas das tendências que vêm modelando a próxima onda de aposentadorias.

Viver fora dos EUA - Mais americanos idosos vêm se mudando para outros países, onde podem economizar com custos de vida menores e desfrutar climas mais amenos. O ritmo de crescimento no número de aposentados, divorciados e familiares de beneficiários mortos que recebem benefícios da Seguridade Social em terras estrangeiras é quase o dobro do que o dos beneficiários em geral, de acordo com dados da Agência de Seguridade Social dos EUA. Entre os boomers, 21% dizem estar "interessados ou muito interessados" em aposentar-se no exterior, segundo pesquisa da University of the Incarnate Word. "Se isso for estendido para todos os boomers, haveria cerca de 3 milhões de pessoas de se aposentando no exterior nos próximos 20 anos, diz David Vequist, diretor do centro.

Empreendedorismo - Das novas empresas criadas em 2011 nos EUA, 21% foram fundadas por empreendedores com idades entre 55 e 64 anos, segundo a Kauffman Foundation, em comparação aos 14% observados em 2007. Os empreendedores na faixa entre 45 e 54 anos fundaram 28% das novas empresas em 2011. Somados, foram responsáveis por 49% das empresas iniciantes, bem acima dos 29% da faixa dos 20 aos 34 anos.

"Estamos vendo muitos empreendedores em campos como a tecnologia e engenharia, que estão lançando empresas de peso", afirmou Dane Stangler, diretor de análise e políticas da Kauffman Foundation. "Eles criaram empresas quando estavam na faixa dos 30 e dos 40 anos e estão fazendo isso de novo."

Senior Geeks - Os jovens podem até estar liderando a revolução digital, mas os boomers não estão muito atrás. "Os boomers ficaram bem familiarizados com a internet e outras tecnologias digitais no local de trabalho", diz Lee Rainie, diretor do Pew Internet Project. "Eles não vão desistir disso enquanto envelhecem". Por exemplo, 23% dos boomers mais velhos e 27% dos boomers mais novos usam tablets, em comparação aos 30% da geração X (nascidos entre 1965 e o início dos anos 80), de acordo com o Pew Internet Project. A diferença também é pequena no que se refere a smartphones e serviços de redes de relacionamento social. "Eles não vão baixar todos os novos aplicativos que fizerem sucesso", diz Rainie. "Eles são muito práticos: Mostrem como isso vai me ajudar, como vai melhorar minha vida".

Mais crédito - Os aposentados estão assumindo mais dívidas do que gerações anteriores: 40% dos proprietários de casas que têm mais de 65 anos de idade tinham um financiamento imobiliário em andamento em 2010, ante 18% em 1992, segundo o Centro Conjunto de Estudos da Habitação da Universidade de Harvard. O culpado: o boom de refinanciamento que antecedeu a crise. Boomers às vésperas de sua aposentadoria ainda estão refinanciando (suas casas), por vezes orientados por seus consultores financeiros. Esses níveis mais elevados de endividamento produzirão uma diversidade de efeitos. Alguns aposentados ficarão "presos" a casas cuja dívida remanescente é superior ao próprio valor de suas residências ou submetidos a prestações que comprometerão seu padrão de vida, outros aproveitarão os juros baixos dos financiamentos habitacionais para manter mais dinheiro em caixa.

Longevidade - A expectativa de vida para os homens deu um salto médio de quase dois anos, em cada uma das últimas cinco décadas - para 75,7 anos em 2010, segundo a Sociedade de Atuários. Para as mulheres, a expectativa de vida aumentou em média 1,5 ano, para 80,8 anos. Porém mais da metade dos americanos mais velhos não tem consciência disso. Um levantamento da Sociedade de Atuários envolvendo 1,6 mil adultos com idade entre 45 e 80 anos determinou que 40% subestimaram sua provável longevidade média em cinco anos ou mais, 20% foram muito pessimistas em 2 a 4 anos. "Se você chegar aos 90 anos e apenas planejou e poupou o suficiente para 85, você poderá não dispor do suficiente para viver". Para um casal com saúde acima da média, há uma chance de 60% de que marido ou mulher viverão até 90 anos, diz a Agência de Seguridade Social dos EUA.
Ajuda a pais e filhos - Cerca de 68% dos boomers dão assistência financeira a seus pais de idade avançada. Ajudam-nos, por exemplo, na compra de gêneros alimentícios ou no pagamento de contas médicas ou de serviços públicos de infraestrutura, segundo pesquisa realizada pela Ameriprise Financial entre pouco mais de 1 mil americanos no fim de 2011. No que se refere aos seus filhos, os boomers têm ainda mais disposição de auxiliar: 93% já o fizeram. A maioria tem "garotos bumerangue", que se mudaram de novo para a casa dos pais para não ter de pagar aluguel (55%) ou arcar com o custo de um automóvel (53%). Mas apenas um terço deles acha que sustentar filhos adultos está lhes dificultando alcançar as suas metas de aposentados.

Flórida não - Os boomers não estão aderindo ao eixo de aposentadoria Flórida-Arizona tanto quanto seus pais. Condados conhecidos como refúgios para aposentados viram o crescimento anual de sua população desacelerar para 1,7% de 2007 a 2009, ante 3,1% registrados entre 2000 e 2007. Em vez disso, o Urban Land Institute detectou que, entre as áreas metropolitanas dotadas da população de crescimento mais acelerado de habitantes de 65 anos ou mais, estão regiões na Carolina do Norte, Texas e Nevada, além de Colorado, Idaho e Georgia. Os boomers são atraídos por comunidades que abrigam grandes universidades e imóveis residenciais financeiramente acessíveis, diz John McIlwain, pesquisador-visitante-sênior em habitação do instituto e autor do relatório. O maior atrativo para a mudança? Os filhos e os netos.

Fonte: Valor (07/02/2013)

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