quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Aposentadoria: Benefício com renda vitalícia é raridade no Brasil. Restringe-se a poucos Fundos de Pensão e quase inexiste na Previdência Aberta


Previdência aberta ainda longe da renda vitalícia

Dos 38 milhões de planos de previdência em vigor no país, segundo dados de 2011 apurados pela Susep, apenas cerca de 400 mil foram convertidos em renda vitalícia. No caso do VGBL, por exemplo, que conta com mais de 10 milhões de planos, somente 1,3 mil converteram a renda financeira em renda vitalícia. Na avaliação de Paulo Marraccini, vice-presidente do Conselho de Administração de Allianz, isso significa que a previdência privada ainda é mais consumida como poupança do que como um produto destinado à aposentadoria.
Mas, a redução da taxa de juros e o aumento da longevidade poderão mudar esse quadro. O ambiente de taxas de juros mais alta do mundo era ruim para a economia, mas boa para quem tinha dinheiro para investir. Com a redução, o país se alinha ao que acontece no resto do mundo , diz Marraccini. Ele acredita que os juros menores farão as pessoas perceberem que precisarão mais da previdência.
Fabiano Lima, superintendente de Produtos de Seguro de Pessoas e Previdência da SulAmérica Seguros, observa que no período de juros altos, as pessoas se sentiam mais confortáveis para administrarem seu próprio patrimônio, porque o mercado financeiro oferecia alta rentabilidade. Muitos pensavam que não era necessário entregar a administração de seus recursos às seguradoras porque poderiam obter alta rentabilidade investindo em fundos de baixo risco , analisa.
Esse ambiente também favorecia as seguradoras, que investiam em títulos mais rentáveis para garantir maior rendimento aos benefícios dos planos. Dois anos atrás, os títulos indexados ao IPCA davam uma rentabilidade de 7% ao ano. Hoje, esta taxa em títulos de longo prazo caiu para 4% , diz. Na avaliação de Fabiano Lima, essa mudança favorecerá a contratação de renda vitalícia, porque caberá à seguradora garantir o benefício fixo, independentemente do comportamento futuro das taxas de juros. Segundo ele, ao optar pela renda vitalícia, a seguradora assumirá a escolha do fundo de investimento.
Para Marraccini, as seguradoras deverão buscar alternativas de investimento que não sejam os títulos de renda fixa. Por isso, a própria Fenaprevi tem pleiteado a flexibilização dos planos, no intuito de obter as condições para aplicações em outros títulos, como mobiliários ou de infraestrutura, que possam garantir os rendimentos no futuro. Ele observa que também está havendo um movimento das seguradoras para a redução das taxas de administração, que poderá ser compensada, acredita, com o aumento do volume de planos.
Para receber a renda mensal vitalícia - uma das seis opções de renda oferecidas pelos planos de previdência comercializados atualmente, caso do PBGL e do VGBL -, o participante deverá optar por converter a reserva financeira que acumulou no plano. Esse valor ele receberá como renda mensal enquanto viver. Porém, não existe a possibilidade de devolução do capital acumulado, mesmo que o participante morra antes de receber todo o saldo.
Marraccini explica que, conforme o conceito da mutualidade, a poupança acumulada em um plano convertido para renda vitalícia será redistribuída entre todos os participantes. Se a pessoa viver muito, terá os recursos de parte das pessoas que morreram antes para pagar os seus rendimentos. Essa é vantagem , disse.
Em outros países, segundo Marraccini, a renda vitalícia é oferecida às pessoas que se aposentam, porque horizonte de tempo para os cálculos das seguradoras é menor. No Brasil, a maioria das seguradoras não vende o produto renda vitalícia separado dos planos tradicionais, por causa da dificuldade de calcular o risco. Para uma pessoa de 25 anos, por exemplo, a seguradora terá de prever o que acontecerá em sua vida até os 85 anos, ou seja, no mínimo nos próximos 60 anos. Um plano de renda vitalícia imediata, vendido a uma pessoa de 70 anos tem um horizonte de previsão médio de 18 anos.
Fonte: Dr. Previdência (08/08/2012)

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