quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desaposentação custará R$ 69 bilhões

Possibilidade de os aposentados cancelarem o benefício e pedirem o recálculo com base nas contribuições adicionais será julgada pelo STF 
Prestes a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a "desaposentação" — possibilidade de os aposentados que continuam trabalhando renunciarem ao benefício e pedirem um novo com base no tempo de contribuição extra — vai gerar um gasto adicional de pelo menos R$ 69 bilhões aos cofres públicos. O estudo foi divulgado ontem pelo Ministério da Previdência Social e leva em conta somente o estoque atual de aposentadorias por tempo de contribuição, que podem sofrer revisão.
Segundo o diretor do Departamento do Regime Geral de Previdência do ministério, Rogério Nagamine, o impacto total é bem maior. Se o direito for reconhecido pelo STF, vai motivar uma corrida às aposentadorias dos atuais segurados que já têm condições de requerer o benefício ou daqueles que pretendiam adiar o pedido para não sofrer a redução do fator previdenciário sobre o valor a receber.
A lei permite que os segurados do INSS se aposentem sem precisar pedir demissão do emprego. No serviço público, a exoneração do cargo é obrigatória. "A "desaposentação" vai estimular ainda mais as aposentadorias precoces, cujos valores podem ser posteriormente revistos", disse Nagamine. Hoje, os homens têm obtido o benefício aos 54 anos em média e as mulheres, aos 51.
Segundo Nagamine, é claro o caráter regressivo da medida ao beneficiar principalmente os que ganham mais. Apenas 21% dos atuais aposentados continuam trabalhando, dos quais 92,6% estão na faixa de renda de sete a 10 salários mínimos (de R$ 3,8 mil a R$ 5,5 mil). O estudo foi feito com base em dados da Pesquisa por Amostragem de Domicilio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele aponta que, entre os beneficiários em atividade que ganham o mínimo, apenas 8% contribuíam para a Previdência em 2009. A maioria nessa faixa de renda retorna ao mercado de trabalho na informalidade, sem registro em carteira.
O governo reconhece que o fator previdenciário, criado para atenuar as aposentadorias precoces, não tem sido eficaz para adiar o pedido dos benefícios — ele apenas reduz o valor pago pelo INSS. O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, ressaltou ontem a necessidade de mudar as regras de aposentadoria. Ele defende idade mínima de 60 anos para homens e de 65 anos para mulheres pedirem a concessão por tempo de contribuição. 

Fonte: Correio Braziliense (26/10/2011)

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