quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Aposentadoria: Quanto maior sua educação financeira, maior sua riqueza


Pessoas com mais conhecimento sobre finanças pessoais conseguem acumular mais riqueza ao longo da vida porque planejam melhor a aposentadoria e desenvolvem maior capacidade para escolher as aplicações financeiras mais rentáveis.
Essa é a essência de um estudo de três economistas que analisaram a riqueza das famílias holandesas, a partir de dados coletados pelo banco central daquele país.
Apesar de ser um país rico, pouco desigual e com alto nível de escolaridade média, a educação financeira na Holanda não é um tema de amplo domínio da população em geral. Cruzando os dados de educação financeira com os de riqueza das famílias e isolando os efeitos dos demais fatores, o estudo mostrou que nas famílias holandesas em que o nível de informação sobre finanças pessoais é maior, a riqueza é quatro vezes superior à do grupo das famílias menos informadas financeiramente.
O maior conhecimento dos conceitos financeiros leva as pessoas a valorizarem o dinheiro ao logo do tempo, ou seja, elas aprendem que abrir mão do consumo hoje significa acumular recursos que poderão ser mais bem gastos no futuro. E um dos fatores fundamentais para estimular a poupança das famílias no longo prazo é a preocupação com a aposentadoria. Adicionalmente, como a decisão de poupar para o futuro implica grande esforço de planejamento, isso acaba por motivar a busca pela compreensão de como funcionam as diversas opções de investimento, a rentabilidade esperada, os custos e riscos envolvidos.
Quando o indivíduo começa a dedicar tempo para entender e comparar as diversas aplicações financeiras, seu poder de negociação aumenta. Isso ocorre porque, com mais informação, a confiança cresce e ele pode tanto negociar melhores condições para investir como se preparar melhor para correr mais riscos em busca de uma maior rentabilidade.
Todos esses efeitos foram medidos estatisticamente no estudo das famílias holandesas e podem ser, em boa medida, transportados para a realidade brasileira, especialmente em relação aos aspectos comportamentais.
No Brasil, as principais motivações para a poupança ainda são a de preservar o poder de compra da moeda no longo prazo e o de adquirir um bem de consumo no curto prazo. A preocupação com a aposentadoria é um estímulo relativamente recente, ainda muito restrito aos trabalhadores da iniciativa privada – para os funcionários públicos, a diferença entre o valor da aposentadoria e o salário em atividade não é tão elevada, principalmente para as rendas mais altas. Apesar disso, é marcante o crescimento dos fundos de previdência complementar ocorrido nos últimos cinco anos.
No entanto, na medida em que os casos de famílias que conseguiram acumular recursos financeiros suficientes para efetivamente dar um salto no seu padrão de vida forem ficando comuns, mais pessoas se sentirão motivadas a poupar e conhecer mais a fundo o universo das aplicações financeiras. A esse respeito, veja a reportagem de capa da revista ValorInveste do mês de agosto.
Com a perspectiva de queda das taxas de juros para níveis mais próximos aos praticados nos demais países, a poupança das famílias brasileiras poderá subir por duas razões. A primeira é que, com juros mais baixos, a tendência é que o esforço para economizar tenha que ser aumentado.
Quando as taxas de juros das aplicações conservadoras de renda fixa são de 6% ao ano acima da inflação como atualmente, para conseguir acumular R$ 500 mil ao final de 30 anos, basta guardar pouco mais de R$ 500 por mês. Mas, se a taxa de juros cair para 2% ao ano, será preciso dobrar a capacidade de poupança e guardar mais de R$ 1 mil por mês durante o mesmo período para, no final, ter acumulado os mesmos R$ 500 mil.
A segunda razão é que, com juros mais baixos, a tendência é que o peso dos juros dos financiamentos assumidos pelas famílias endividadas comprometa uma parcela menor da renda. Assim, aumenta a possibilidade de que essas famílias quitem mais rapidamente seus empréstimos e passem a ser poupadoras.
De qualquer forma, mesmo não vivendo na Holanda, com a quantidade de informações disponíveis hoje, você não precisa comprar títulos de capitalização porque seu gerente precisa bater uma meta de vendas, investir em fundos com taxa de administração de 4% ao ano ou abrir mão de pesquisar a taxa de carregamento do seu fundo de previdência.
Fonte: valor.com.br (05/10/2011)

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