terça-feira, 24 de agosto de 2010

CPqD-Prev: Comparativo com grandes fundo de pensão no primeiro semestre 2010

Mau desempenho da bolsa afeta grandes fundações
Efeito dominó: Previ, Petros e Valia veem rentabilidade cair com perdas na renda variável (CPqD-Prev idem)

O balanço do primeiro semestre dos grandes fundos de pensão de previdência fechada foi prejudicado pelo mau desempenho da Bolsa no período, quando o Ibovespa despencou 11,2%. A Previ - Caixa dos Funcionários do Banco do Brasil, a primeira no ranking das fundações do país, fechou as contas do período com rentabilidade negativa de 0,06% por conta de uma desvalorização de 10,02% em sua carteira de ações, enquanto a Petros, segunda desta lista, teve déficit de R$ 400 milhões, equivalente a 0,7% de seu patrimônio de R$ 52,2 bilhões até junho por conta de uma contração de 4% em suas inversões em renda variável. A Valia, dos empregados da Vale, também registrou queda de 3,14% nos investimentos no mercado de capitais.
Enquanto isto, o Plano CPqD-Prev da Sistel fechou o semestre com uma rentabilidade de 1,01% por conta da desvalorização record de 13,60% de sua carteira de renda variável.

Em 2009, o investimento em ações foi o campeão de rentabilidade das fundações estatais e privadas de porte. No acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, os papéis de empresas e participações societárias dessas entidades registraram retornos recordes. A Previ contabilizou ganhos de 39,41% em seu portfólio acionário; a Petros, dos empregados da Petrobras, de 42,79%; a Valia, fundação dos trabalhadores da Vale, de 70,07%, enquanto o CPqD-Prev alcançou rendimento de 62,78% em renda variável, porem com somente 18,63% de seu patrimonio aplicado neste item, devido a seu distinto perfil .

Números levantados pelo Valor junto à assessoria da Previ informam patrimônio de R$ 139,6 bilhões até junho, inferior aos R$ 142,6 bilhões em 2009. O total de recursos investidos no primeiro semestre foi de R$ 131,4 bilhões, a maioria pertencente ao Plano 1, de benefício definido, cuja rentabilidade foi negativa em 0,09%.
Desse total aplicado, R$ 82,6 bilhões estão no segmento de renda variável, que tem participação de 60% nas inversões do fundo de pensão. Na renda fixa, os investimentos foram de R$ 44,7 bilhões até junho, respondendo por 34% dos negócios, e o ramo de imóveis R$ 3,9 bilhões, com presença de 3% no bolo total de inversões.
A rentabilidade média da Petros foi positiva, de 2,13%, mas ficou abaixo da meta atuarial do período de 5,5%. Wagner Pinheiro, presidente da Petros, atribuiu o resultado "à queda da bolsa". O prejuízo de R$ 400 milhões na renda variável, cuja rentabilidade foi negativa em 4%, foi responsável pelo déficit no balanço semestral do fundo de pensão dos petroleiros.
"O semestre foi ruim para o mercado de ações e isto nos prejudicou. Mas quando comparamos os últimos doze meses fechados em junho (julho 2009 a junho 2010), a rentabilidade média da Petros foi de 12,4% e a meta atuarial de 11,6%", diz Pinheiro. Ele vê o resultado semestral da Petros como um resultado de equilíbrio. "Não é coisa para assustar. É uma foto momentânea da Petros. Investimos no longo prazo. Vejo a bolsa se recuperando no segundo semestre e no final do ano a gente pode até fechar com superávit ou equilibrar as contas", afirma.
A Petros investiu ao todo no semestre R$ 46,4 bilhões, dos quais 27,7%, ou R$ 12,8 bilhões, em renda variável. Do total da carteira de ações, R$ 5,2 bilhões formam a carteira de giro e R$ 7,7 bilhões, a carteira de participações. As principais participações acionárias da Petros são em Petrobras, Vale, Brasil Foods, Lupatech, Invepar e ALL América Latina.
À exceção da Brasil Foods, que acumulou de janeiro a junho ganho nas suas ações de 4,72%, as outras despencaram na bolsa, como os papéis da Petrobras ON (Petr3) e da Petr4, que encolheram 24,59% e 25,7%, respectivamente. A cotação da Lupatech caiu 22,65%; da ALL, 38,68%; e as da Vale ON e PNA, 11,19% e 9,42%. Tal performance desfavorável explica por si só o prejuízo contabilizado.
Pinheiro disse que, para fechar com superávit o ano, a Petros vai focar os negócios do segundo semestre em renda fixa privada, tipo debêntures e fundos de direitos creditórios. Na renda variável vai investir em casos especiais, como a capitalização da Petrobras. A fundação busca também inversões no setor elétrico e acaba de entrar com 10% na usina de Belo Monte. Também está estudando oportunidades em imóveis, principalmente comerciais. Há planos para ampliar a participação neste segmento, que responde apenas por 2,17% no investimento total da Petros.
A Valia fechou o semestre com patrimônio de R$ 12,5 bilhões e investimentos totais de R$ 12,3 bilhões. A fundação da Vale também não escapou da maldição da bolsa e viu seu investimento em renda variável desalorizar 3,14%. Garantiu, porém, uma rentabilidade média acumulada no período de 5,4%. "A queda na nossa renda variável foi melhor que a do Ibovespa, que caiu 11,2%", disse Eustáquio Lott, presidente da Valia. Ele adiantou ao Valor que o resultado acumulado da fundação até julho já indica reversão de tendência no mercado do país. "De janeiro a julho o rendimento da renda variável da nossa carteira já foi positivo em 4,4%."
No portfólio de investimentos da Valia, a renda variável participa com 25,8%, a renda fixa com 64,32% e imóveis, com 3,36%. A melhor rentabilidade do primeiro semestre foi da renda fixa, de 9,69%. O segmento imobiliário rendeu 5,46%. O foco de investimento da Valia vai continuar sendo infraestrutura, fundos de infraestrutura e fundos de governança. A fundação não está pensando em fazer grandes movimentos em renda variável, mas vai participar da capitalização da Petrobras.
No CPqD-Prev tanto a renda fixa (83% de participação) como a renda variável (16% de participação) fecharam o primeiro semestre com rentabilidades (4,48% e -13,60%, respectivamente) abaixo das metas. Com relação ao patrimonio líquido, o CPqD-Prev conseguiu um aumento de somente 0,83% no primeiro semestre de 2010.

Fonte: Vera Saavedra Durão - Valor Online, Aposentelecom e Relatório CPqD-Prev (24/08/2010)

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